Líder da AfD questiona soberania de Israel e cresce temor judaico na Alemanha

© REUTERS / Wolfgang RattayAlexander Gauland, da Alternativa para Alemanha (AfD)
Alexander Gauland, da Alternativa para Alemanha (AfD) - Sputnik Brasil
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Candidato derrotado ao posto de chanceler da Alemanha, o direitista Alexander Gauland questionou a soberania de Israel e deu margem para crescerem as preocupações de judeus ao redor de todo o mundo com a 'vitória' obtida pela Alternativa para Alemanha (AfD) nas eleições do último domingo, quando o partido apareceu como terceira força.

"Soa muito bem, e é algo que você pode bancar. Se você diz que o direito de Israel existir é um dos reconhecidos pela Alemanha, você deveria estar apto a enviar tropas alemãs para defender o Estado judeu", afirmou Gauland, questionando o compromisso da primeira-ministra Angela Merkel com Tel Aviv.

"É claro que o direito de Israel existir é uma questão importante para nós, e claro que estamos do lado de Israel. Tornar um Estado soberano é muito fácil, mas sempre há uma guerra no lado israelense", continuou Gauland, uma das lideranças do partido da direita conservadora que obteve 12,6% dos votos, e que terá ele mesmo um assento no Bundestag, o Parlamento alemão.

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O Comitê Judaico Americano (AJC, na sigla em inglês) se disse preocupado com as declarações da Gauland.

"O fato é que o AJC é uma questão do Estado de Israel. Este é um princípio básico da política alemã de segurança estrangeira. Precisamos ter um compromisso claro com a segurança de Israel como uma pedra angular da democracia alemã”, divulgou a entidade, em comunicado.

Além disso, segundo a Agência Reuters, o AJC pediu o estabelecimento de um comitê antissemitismo na Chancelaria alemã, externando assim uma preocupação da comunidade judaica em todo o mundo com os resultados em favor da AfD, que colocam a direita conservadora em uma posição que não obtinha desde a década de 1950.

Ronald Lauder, presidente do Congresso Mundial Judaico de Nova York, chamou a chanceler Angela Merkel de "verdadeira amiga de Israel e do povo judeu" e criticou os ganhos do AfD em um momento em que o antissemitismo aumenta em todo o mundo.

"É abominável que o partido da AfD, um movimento reacionário vergonhoso que recorda o pior do passado da Alemanha e que deveria ser banido, agora tenha a capacidade no Parlamento alemão de promover sua plataforma vil", disse Lauder, associando a legenda ao Partido Nazista, de Adolf Hitler.

Medo em casa

A AfD, que cresceu nos últimos dois anos desde que Merkel deixou as fronteiras da Alemanha abertas para mais de 1 milhão de migrantes que fogem principalmente das guerras do Oriente Médio, diz que a imigração compromete a cultura da Alemanha, mas nega que seja racista ou antissemita.

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"Não há nada em nosso grupo ou em nosso programa que possa ou de alguma forma se preocupar com pessoas judias que vivem aqui na Alemanha", comentou Gauland.

Gauland também citou o forte apoio diplomático da Alemanha a Israel, sugerindo que ele também deveria estar pronto para enviar tropas, se necessário, para ajudar a defender o país quando enfrenta os palestinos e estados vizinhos hostis.

Mas tal afirmação não diminuiu as preocupações até mesmo em casa. O Conselho Central de Judeus na Alemanha disse que os resultados das eleições confirmaram seus piores medos e pediram que outras partes permanecessem unidas para se opor à AfD.

"Um partido que tolera o pensamento extremista de direita em suas fileiras e incita o ódio contra as minorias […] agora será representado no Parlamento e quase todas as legislaturas estaduais", disse o presidente do grupo, Josef Schuster, em um comunicado.

"Espero que nossas forças democráticas exponham a verdadeira natureza da AfD e suas promessas populistas vazias", acrescentou, emanando a tese de que o partido de direita deva ser isolado pelos demais, que devem se recusar a qualquer tipo de aliança.

A Alemanha, que abriga hoje a cerca de 200 mil judeus, construiu uma reputação nas últimas décadas como um lugar seguro e seguro para os judeus, mas dados oficiais mostram crimes antissemitas relatados à polícia aumentando de 4% para 681% nos primeiros oito meses de 2017 em relação ao mesmo período do ano passado.

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