Devastada por uma profunda crise política e econômica há vários meses, a Venezuela apostava na retomada das conversas para ensaiar uma saída da situação em que se encontra, de impasse, violência, problemas sociais e até ameaça de intervenção estrangeira. No entanto, a última tentativa de diálogo entre as partes foi frustrada nesta quarta-feira pela ausência da Mesa da Unidade Democrática (MUD), aliança de oposição venezuelana, no diálogo programado para ocorrer em Santo Domingo.
Delegación del gob de Venezuela camino a #RepublicaDominicana para reunión diálogo por La Paz del país. @teleSURtv presente.
— Mónica Vistali (@MonicaVteleSUR) 27 de setembro de 2017
Em entrevista à Sputnik Brasil, Eduardo Heleno de Jesus Santos, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacou que os sinais de tentativa de reconciliação na Venezuela têm sido cada vez mais raros dentro do próprio país, o que explica a tentativa de se realizar essa negociação no exterior. No entanto, segundo ele, isso também acabou não dando certo porque, como afirmaram opositores, o governo venezuelano não cumpriu acordos previamente firmados entre as partes, como a repulsão violência estatal e a libertação de supostos presos políticos.
"A Venezuela, hoje, se encontra em uma encruzilhada. Ela tem um projeto, com o atual governo, que é regido pela carta de 1999, do Hugo Chávez (tem muito do projeto do Hugo Chávez na administração Maduro). Mas ela está numa encruzilhada porque esse projeto é um projeto de transformação social, que avançou em alguns aspectos, mas, em outros, tem ainda um traço de impossibilidade...", disse ele. "O socialismo que era previsto e planejado pelo Hugo Chávez e que, de alguma maneira, vem sendo conduzido pelo Maduro apresenta uma série de entraves da oposição. Tanto para o governo como para a oposição, há custos muito grandes", acrescentou, defendendo a importância da mediação internacional nessa crise.