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Acredite se quiser: número de milionários no Brasil não para de crescer

© Fernanda Carvalho/Fotos PúblicasNúmero de milionários no Brasil saltou de 148 mil em 2015 para 164 mil em 2016
Número de milionários no Brasil saltou de 148 mil em 2015 para 164 mil em 2016 - Sputnik Brasil
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A economia brasileira só agora, e aos poucos, volta a dar sinais de crescimento após dois anos de recessão. O país tem 13 milhões de desempregados, um contingente cada vez maior de pessoas caindo para baixo da linha da pobreza, e ainda assim o número de milionários brasileiros não para de crescer.

Estudo realizado pela Capgemini — empresa global de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização, realizado em 19 países — revela que o número de milionários brasileiros passou de 148,5 mil em 2015 para 164,5 mil em 2016, e que o patrimônio acumulado por esse grupo saltou de US$ 3,7 trilhões para US$ 4,2 trilhões. A expansão desse seleto grupo foi de 10,7%.

O Relatório sobre a Riqueza Mundial 2017 aponta ainda que os recursos dos mais ricos do mundo cresceram 13,5% sobre 2015 e podem chegar a US$ 100 trilhões até 2025. Mas qual seriam os motivos para tal disparidade no Brasil, onde o salário mínimo está abaixo de R$ 1 mil?

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Ricardo Teixeira, economista da Fundação Getúlio Vargas  (FGV), diz que três fatores principais devem ser levados em consideração para explicar o aumento dos novos milionários. Segundo ele, o comportamento de quem já está com algum recurso e pode investir difere totalmente daquele que está tentando sobreviver e de quem, eventualmente, pode perder o seu emprego.

"A posição do Brasil está muito parecida com a do Oriente Médio e em linha com a dos BRICS. Primeiro, o estudo foi feito ao longo de 2016, quando o real se valorizou frente ao dólar em torno de 20%, o que, por si só, já justificaria um número maior de pessoas incluída nesse grupo. Outra questão importante é que muitas pessoas passaram a investir em fundos lastreados em ativos internacionais. Com o crescimento da economia mundial, isso também alavanca as fortunas", analisa Teixeira.

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O economista da FGV cita, por fim, um terceiro elemento que poderia explicar o aumento desse contingente de brasileiros endinheirados: a repatriação de recursos não declarados no exterior. O estudo da Capgemini atribui o aumento do número de milionários tanto no Brasil quanto no mundo a entradas das chamadas Big Techs no mercado de gestão de patrimônio, oferecendo altos retornos, com média de 24,3%, muitas vezes bem acima de investimentos tradicionais. Para Teixeira, essa é uma tendência que deve crescer nos próximos anos.

"Se a gente pensar que hoje os computadores já estão definindo processos jurídicos e sentenças e que a tecnologia da informação já permite que você faça diagnósticos médicos muito apurados e em alguns casos dispensando até o homem, a gente deve acreditar que a tecnologia amanhã possa ser o melhor orientador de investimento, já que tem condições de fazer cálculos e projeções com rapidez muito maior do que a do ser humano e corrigir rapidamente também o rumo quando alguma coisa sai de controle", finaliza o economista.

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