Graças a eles poderemos assistir ao nascimento do universo

© Sputnik / Valentin Shiyanovsky / Acessar o banco de imagensAntena para detectar as ondas gravitacionais
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Em 2017, Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne, físicos dos observatórios LIGO e Virgo foram laureados com Nobel de Física pela contribuição na detecção de ondas gravitacionais. A Sputnik entrou em contato com Dr. Thorne para parabenizar tanto ele como os outros dois físicos pelo recebimento do tão famoso prêmio.

"Fiquei totalmente chocado, mesmo que isso tenha sido esperado", disse Thorne por telefone para a Rádio Sputnik na terça-feira (3).

"Também fiquei um pouco decepcionado, pois o sucesso do LIGO na descoberta de ondas gravitacionais, bem como na criação de uma nova maneira de fazer astronomia, é resultado de esforços conjuntos de mais de mil cientistas e engenheiros. Dentre eles, há, talvez, uns cem que foram absolutamente cruciais; sem eles isso não teria acontecido”, adicionou modestamente o físico.

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"Por isso o prêmio deve ser de fato entregue a todos nós, ou seja, para a equipe responsável desde o início, que corresponde a muito, muito, mais do que nós três."

Sendo assim, o cientista, considerado um dos principais especialistas do mundo na área de implicações astrofísicas da teoria da relatividade geral de Einstein, disse que receberá o prêmio em nome de toda a equipe.

Quando lhe pediram para comentar as implicações da descoberta coletiva, Thorne especificou que ela possui enorme importância, pois, através dela, segredos do universo serão desvendados.

"As leis da natureza como as entendemos [em muitos aspectos graças a Einstein] dizem que há somente dois tipos de ondas que podem se propagar pelo universo ou podem nos dar o entendimento do que está acontecendo no outro lado do universo: ondas eletromagnéticas, raios X, luz, ondas de rádio e gama pertencem a um grupo, já no outro grupo entram as ondas gravitacionais", explicou o físico.

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"400 anos atrás, Galileu criou um pequeno telescópio ótico, apontou-o para o céu e descobriu os satélites de Júpiter. Assim, ele criou a astronomia eletromagnética contemporânea. O que a colaboração dos observatórios LIGO e Virgo fez se trata de uma coisa similar – criação da astronomia gravitacional, ou seja, o único outro tipo de astronomia que será formado através da propagação de ondas pelo universo."

"Assim como a astronomia eletromagnética revelou coisas fascinantes e brilhantes sobre a riqueza do nosso universo durante estes 400 anos, é possível que a astronomia gravitacional faça a mesma coisa nos próximos 400 anos. Ou seja, ela abre algo realmente fantástico para a raça humana no que diz respeito à exploração do universo."

Thorne explicou a razão de ter levado tanto tempo para cientistas desenvolverem detectores para medição de ondas gravitacionais. O cientista admitiu que quando Dr. Rainer Waiss, inventor desses detectores, descreveu para ele o princípio do seu funcionamento, ele chegou a pensar que a tarefa seria impossível.

"Ele me convenceu de outra forma, através de discussões detalhadas e [estudos], mas isso é inimaginavelmente difícil, pois esses movimentos estão muito pequenos", Thorne está se referindo ao conjunto de instrumentos criados e aperfeiçoados por 40 anos para medir ondas gravitacionais.

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Finalmente, quando lhe perguntaram qual poderia ser a importância prática dos detectores de ondas gravitacionais, Thorne respondeu que várias gerações, e, talvez, séculos vão se passar para que ondas gravitacionais se tornem parte prática das tecnologias da humanidade, pois essa ciência visa explorar o universo, incluindo a observação de tempestades cósmicas produzidas por colisões de buracos negros, colisão de estrelas de nêutrons, que provocam explosões fantásticas de luz e ondas gravitacionais, e mais.

"Em longo prazo (de 10 a 20 anos), vamos assistir ao nascimento do universo, nascimento das forças fundamentais; ondas gravitacionais são o único tipo de radiação tão penetrante que quando foram criadas em momentos primários, viajam ilesas por nós, trazendo consigo informações sobre o que estava acontecendo nos momentos iniciais do universo."

"Então, ondas gravitacionais serão uma ferramenta de explorar o processo de nascimento do universo, como ele se expandiu rapidamente, como surgiu força elétrica etc. Tudo isso será desvendado nos próximos 20 anos. O que acontecerá nos próximos 400 anos, o análogo de Galileu de hoje, eu não sei, mas, sem dúvidas, será fantástico", concluiu Thorne.

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