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Especialista sobre Obama no Brasil: 'EUA ainda nos devem desculpas'

© Andreas SOLARO / AFPBarack Obama no Brasil: "Mudar o mundo"
Barack Obama no Brasil: Mudar o mundo - Sputnik Brasil
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O ex-Presidente Barack Obama participou nesta quinta-feira, 5, do Fórum Cidadão Global, em São Paulo. Sua fala teve como tema "Mudar o mundo? Sim, você pode", numa alusão ao seu tradicional lema de campanha à presidência: "Yes, we can" ("Sim, nós podemos").

Barack Obama falou de suas preocupações com populismo e xenofobia, mas não se manifestou sobre a espionagem que os órgãos de Inteligência do seu país exerceram sobre a então Presidente Dilma Rousseff, sobre membros de primeiro, segundo e terceiro escalões do Governo Dilma e também sobre a Petrobras. O Brasil e o mundo só tomaram conhecimento daquelas vigilâncias ilegais a partir de 2013, quando Edward Snowden, ex-colaborador da NSA (sigla em inglês da Agência Nacional de Segurança), revelou os fatos ao jornalista Glenn Greenwald.

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Radicado desde aquele ano na Rússia, aonde chegou procedente de Hong Kong, em que se manteve escondido após desertar da NSA, Snowden revelou com riqueza de detalhes como os Estados Unidos controlam o mundo através da espionagem eletrônica, e particularmente como essa vigilância foi praticada no Brasil.

Desde que estes fatos se tornaram públicos, a Presidente Dilma Rousseff passou a exigir pedido público de desculpas, o que jamais foi atendido. No máximo, Obama declarou a Dilma que havia determinado a suspensão da vigilância sobre a presidente e seus auxiliares.

Especialista em políticas das Américas e professor de História e Políticas Públicas da UERJ, Roberto Santana vê com muitas reservas a presença de Obama no país. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, ele afirma:

"Encaro a vinda de Barack Obama ao Brasil com muito ceticismo, devido à forma como ele se conduziu ao longo dos seus dois mandatos consecutivos como presidente dos Estados Unidos. O fato mais marcante para nós, brasileiros, foi a espionagem promovida pela NSA, que é um órgão de inteligência e segurança dos Estados Unidos. A NSA utilizou os mais diversos meios de espionagem cibernética contra o Governo brasileiro, contra empresas brasileiras importantes como a Petrobras, e no momento em que a Petrobras revelava ao mundo que o pré-sal é viável. E para esses fatos nunca houve um pedido de desculpas formais por parte do Governo dos Estados Unidos e do então Presidente Barack Obama."

Roberto Santana entende que a motivação do Governo norte-americano para manter o Governo brasileiro e a Petrobras sob vigilância era a de mapear o conhecimento sobre a existência de petróleo na camada pré-sal, seu custo econômico, a capacidade da empresa em extrair o óleo em camadas tão profundas, e de que forma isso poderia beneficiar as empresas de petróleo com sede nos Estados Unidos:

"O Brasil investiria, gastaria nesses projetos, e os Estados Unidos poderiam receber tudo de mão beijada, sem nenhum esforço adicional."

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Para Santana, é inaceitável o fato de Barack Obama não ter se desculpado com as autoridades brasileiras, da mesma forma como não fez com a chanceler da Alemanha, a todo-poderosa Angela Merkel, a quem manteve igualmente sob vigilância.  

De acordo com o site WikiLeaks, com base nas revelações de Edward Snowden, estiveram sob vigilância da NSA e de outros órgãos de Inteligência dos Estados Unidos, entre outros, os seguintes integrantes do Governo Dilma Rousseff, além da própria presidente:

Antônio Palocci, na época, chefe da Casa Civil; Nélson Barbosa, na época ministro do Planejamento e depois ministro da Fazenda; General José Elito Siqueira, chefe do Gabinete de Segurança Institucional; Luiz Alberto Figueiredo, ministro das Relações Exteriores; Edinho Silva, ministro da Comunicação Social; José Maurício Bustani, embaixador do Brasil na França e que foi removido do cargo de diretor-geral da OPAQ (Organização Internacional para Proibição de Armas Químicas), segundo ele, devido a inúmeras pressões dos Estados Unidos; e Luiz Filipe de Macedo Soares, representante do Brasil na Conferência da ONU sobre Desarmamento, em Genebra.

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