Em discurso perante o Parlamento catalão, Puigdemont defendeu os esforços do referendo – tido por ele como “legítimo” – e exaltou que, após a Catalunha ter sido ignorada por Madri por anos, é chegado o momento da região ter o direito de soberania reconhecido.
"A Catalunha ganhou o direito de sua soberania", destacou Puigdemont, que explicou que trata-se de respeitar o desejo da maioria da população local em deixar de integrar a Espanha. Para ele, a adesão de mais de 90% dos catalães pelo "sim" deve ser confirmada.
Puigdemont fez um breve resgate histórico, mencionando que ocorreram avanços desde o fim da ditadura de Francisco Franco (1936-1975), com a Constituição de 1978 (que deu mais autonomia aos catalães), mas que "há democracia além da Constituição".
"Não somos loucos. Não estamos planejando algum tipo de golpe", continuou o presidente catalão, afirmando que as relações com Madri são ruins – citou que 18 pedidos para um referendo, nos moldes do realizado pela Escócia – foram ignorados pelo governo espanhol.
Entretanto, diante da preocupação da comunidade internacional com as consequências em caso de uma declaração irrevogável e unilateral de independência da Catalunha, o presidente pediu para que os efeitos do referendo sejam temporariamente suspensos.
O líder catalão explicou que é preciso que se aguarde "por algumas semanas" e que se dê início ao período de negociações com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, para que a vontade da população da Catalunha seja cumprida.
Diante do que seria um movimento conciliatório, Puigdemont conclamou Madri para que mude a sua posição irredutível – expressa nos últimos dias – e aceite a abertura de um canal de negociação para pôr fim à crise que já dura semanas.
O governo espanhol ainda não se pronunciou a respeito do pronunciamento do presidente da Catalunha.