Bwabwata, parque nacional dedicado em primeiro lugar à preservação de elefantes africanos, foi palco de morte massiva de hipopótamos. As autoridades do parque dizem que, em sua opinião, bactérias que causam antraz teriam entrado no sistema de fornecimento de água.
"Essa é uma situação que não tínhamos visto antes", declarou Colgar Sikopo, diretor de parques e da vida selvagem do Ministério do Ambiente e Turismo da Namíbia à edição estatal New Era. "Isso aconteceu na Zâmbia antes, e na maioria das vezes ocorre quando o nível da água dos rios está muito baixo […] Nossos cientistas estão analisando, mas suspeitamos que seja antraz."
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"Isso aconteceu naturalmente e, quando animais morrem, pessoas não deveriam entrar em pânico, pois isso pode afetar negativamente o turismo na região", adicionou.
Anteriormente, epidemias não causaram tantas mortes porque o antraz não é uma doença infecciosa. Esses microrganismos danosos normalmente entram no corpo através do consumo de carne ou produtos contaminados. Apesar de esses microrganismos conseguirem sobreviver na Terra por muitos anos, eles não são perigosos a menos que algo os liberte.
O antraz também pode ser encontrado em água parada durante períodos de seca ou intenso calor. Se a água parada contaminada passar pra um reservatório maior ou se um hipopótamo sobreaquecido nadar perto da água, a epidemia pode se espalhar muito rapidamente. Antes da epidemia, segundo estimativas, 1.300 hipopótamos habitavam a Namíbia.
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Pohamba Shifeta, ministro do Ambiente do país, disse em entrevista a AFP que as autoridades estão preocupadas com a possibilidade de crocodilos terem comido carne dos hipopótamos infeccionados, o que poderia espalhar a doença para outras espécies, não se esquecendo de pessoas, que também podem ter comido carne de hipopótamo.
"Recomendamos que pessoas não comam essa carne. Fazemos o melhor possível para queimar cada cadáver para prevenir futuro espalhamento da doença, mas também para garantir que nenhuma pessoa se aproxime desses animais e coma a carne deles", disse Sikopo.
Epidemias do antraz são mais populares em animais, até mesmo nos grandes. A epidemia de 2004 em Uganda tirou a vida de 300 hipopótamos, e a na Sibéria causou a morte de 2.400 renas (e uma criança).
O incidente mais famoso nos EUA ocorreu em 2001, quando bactérias do antraz foram enviadas em correspondências a jornais norte-americanos, edições de notícias e para senadores democráticos. Os crimes, que causaram a morte de cinco pessoas e contaminação de outras 17, continuaram até 2008.
O FBI acusou o biólogo Bruce Ivins de ter arquitetado os crimes logo depois de o mesmo ter cometido suicídio. Mesmo assim, a conclusão do FBI foi discutida por cientistas, que declararam não haver nexo quanto à proliferação do antraz por intermédio de apenas uma pessoa.