A busca de planetas para viver, os voos até eles e sua colonização demorarão bastante. Há ainda pouco tempo que as pessoas começaram investigando o espaço e já enfrentaram obstáculos que apenas podem ser superados com a ajuda da ciência.
Durante o Festival de Ciência da Universidade Estatal de Moscou, o vice-reitor da Faculdade Skoltech, Rupert Gerzer, diretor do Instituto de Medicina Aeroespacial do Centro Aeroespacial Alemão, professor e presidente do Instituto de Medicina Aeroespacial em Aachen, apresentou sua palestra. O cientista falou sobre os problemas que as pessoas já têm ou podem ter durante a investigação do espaço.
Perigos nas viagens espaciais
Porém, as dificuldades podem surgir não apenas durante a vida em Marte ou em algum outro planeta, mas também durante a viagem espacial. Vale ressaltar que durante a exploração do espaço aparecem problemas com que os cientistas nem esperavam lidar.
Por exemplo, o surgimento de febre espacial. A medição de temperatura dos cosmonautas que permaneceram na estação espacial mais de meio ano revelou que a temperatura permanente do corpo subiu 1 ou mesmo 2-3 graus. Se imaginarmos a elevação constante de temperatura durante vários anos, fica claro por que as pessoas não conseguirão viver nesse regime térmico. O professor da Skoltech assinalou que isto pode se tornar um obstáculo grave para voos tripulados a longo prazo.
"Depois de voo, até 60% dos cosmonautas tiveram problemas oftalmológicos. A ressonância magnética do globo ocular feita depois do voo revela o aumento da camada de tecido conjuntivo que "empurra" o fundo ocular para a frente. Devido a essa camada, a luz não se fixa no sistema do olho. Todos os nervos e vasos sanguíneos que vão do cérebro até o olho via orifício no osso ficam apertados. Provavelmente, isto acontece devido à elevação da pressão intracraniana no espaço. A NASA comunica que esse é o principal problema na deslocação a distâncias longas no espaço, por exemplo, da Terra até Marte”, disse Rupert Gerzer.
Uma casa alternativa para as pessoas
Vamos supor que vocês conseguiram pousar na Lua ou Marte com sucesso. Contudo, as dificuldades não acabam aqui. Somos terrestres. Estando acostumados à gravidade terrestre, precisamos de água e ar com certo teor de oxigênio. Além do mais, nós somos indefesos perante a radiação.
"Radiação é um dos problemas óbvios que nos ameaçam em outros planetas e até durante o voo até eles. Em uma estação espacial você recebe 300 vezes mais sieverts que na Terra. Caso vocês vivessem em Marte, a dose ainda seria maior! É difícil fazer previsões quanto às consequências que podem ser causadas por isso, pois os tipos de raios que recebemos na Terra, no espaço e em Marte são diferentes. Cosmonautas têm o mesmo número de casos de câncer que o resto das pessoas, contudo, há poucas pessoas que estiveram no espaço. É difícil elaborar uma estatística com números tão limitados", explica Gerzer.
Porém, a maior parte dos estudos é dedicada aos planos de colonizar Marte.
Vale a pena abandonar a Terra?
Concluindo seu discurso, Gerzer frisou que ainda não é preciso planejar o abandono da Terra. Mas é preciso protegê-la de ameaças externas (por exemplo, de asteroides) e do impacto destrutivo da atividade humana sobre o ambiente do nosso planeta. Fora disso, é preciso continuar investigando o espaço, que está pleno de novas oportunidades e ameaças.