O organismo prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 0,6% este ano e 2,3% em 2018, enquanto a Argentina deve avançar 2,8% e 3% respectivamente, contra uma média de expansão média das economias do continente de 1,2% este ano e de 2,3% no ano que vem. O Bird alerta, porém, sobre a frágil situação fiscal de 28 dos 37 países e afirma que este é o principal desafio a ser enfrentado pelos governos da região. No caso brasileiro, o Bird chama a atenção para o fato de que a dívida pública já chega a 80% do PIB, bem acima da média de 59% da maioria dos países. No continente, a situação brasileira é a terceira pior do ranking, atrás apenas de Trinidad Tobago e Equador.
Falando à Sputnik Brasil, Juliano Griebeler, diretor de Relações Governamentais da Barral M.Jorge Consultores Associados, concorda com as projeções feitas pelo Bird, e observa que a necessidade de ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas deve e pode ser alcançada para a retomada sustentável da economia a partir do ano que vem, um ano difícil, segundo ele, pelo próprio calendário eleitoral.
"Quando a gente olha para o ambiente político, vemos que ainda há vários percalços que o governo deve enfrentar neste ano e no próximo para conseguir dar a estabilidade que a economia precisa. A recessão que a gente passou nos anos anteriores, porém, está dando sinais de melhora", diz o consultor.
Griebeler lembra que o Brasil investiu durante muito tempo em políticas sociais, mas o crescimento econômico não acompanhou a ponto de atingir um ponto de equilíbrio. Segundo ele, medidas cíclicas — como a política de desoneração de impostos, criada logo após a crise de 2008 dos subprimes — devem ser adotadas, mas com certa moderação.
"O Brasil não vai ter grande ajuda do cenário internacional ou dos preços das commodities. Ele vai depender muito da sua capacidade de melhorar internamente no ambiente de negócios e investir no comércio nacional e começar a fazer acordos que permitam maior exportação de produtos. O governo está evitando ao máximo o aumento de impostos em função da baixa popularidade que essa medida tem no Congresso, mas é o que pode vir a acontecer", analisa o consultor.
O especialista afirma que a série de privatizações em estudo é uma das estratégias do governo para aumentar o caixa, embora a espinha dorsal para a volta do crescimento seja a aprovação das reformas — como a trabalhista e da Previdência — e a questão da melhoria da infraestrutura que permita melhorar o ambiente de negócios no país. Feito o chamado "dever de casa", como dizem muitos economistas, Griebeler acredita que, depois de 2018, o Brasil possa voltar a ter condições de crescimento mais sustentável, talvez não na esteira de 4% ao ano, como previu esta semana o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
"Tem muitos fundos com liquidez olhando atentos o Brasil, procurando ativos que valham a pena. O ideal é não ser tão otimista e chegar (a previsão) a 4% — 2,3% no ano que vem já seria um resultado positivo. É um ano eleitoral, a próxima administração pode ter muito trabalho adiante, além de ser um período muito curto para aprovar reformas”, conclui o diretor de Relações Governamentais da Barral M.Jorge Consultores Associados.