A Universidade Nacional de Energia Nuclear da Rússia, MEPhI, com o apoio do Ministério da Ciência e Educação e o Ministério da Saúde da Federação da Rússia, em cooperação com a Corporação Estatal Rosatom e o Cluster Farmacêutico de Kaluga, realizou o II Simpósio Internacional "Tecnologias Biomédicas de Engenharia Física". A Universidade foi visitada por mais de 250 eminentes pesquisadores em bionanotecnologias e nanomedicia do mundo inteiro (EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Suécia, China, Índia). Um dos participantes principais do simpósio, professor da MEPhI e da Universidade Aix-Marselha (França), orientador científico do Instituto de Biomedicina e Engenharia Física, Andrei Kabashin, compartilhou com a Sputnik alguns detalhes sobre as inovações na área da nanoteranóstica.
Sputnik: Professor Andrei, nos explique por favor o que é a nanoteranóstica?
Andrei Kabashin: A nanoteranóstica é a área da medicina que combina a terapia e o diagnóstico à escala espacial de nanômetros. A influência sobre a doença, neste caso, é transmitida por nanopartículas que podem realizar uma função quando são sujeitas a um efeito de natureza ótica ou outra. Por exemplo, estas nanopartículas podem destruir um tumor oncológico local com a força do aquecimento. Ao mesmo tempo, a partícula pode ficar fluorescente durante o acionamento ótico, o que nos dá a possibilidade de a localizar. Além disso, ela pode ser portadora de um isótopo radiativo que, por sua parte, pode também realizar tanto a função terapêutica, como a visualizadora. Assim, temos um esquema de diagnóstico e tratamento de três níveis.
AK: Antes de tudo, estes materiais devem ser completamente livres de toxicidade e compatíveis com o organismo humano. Outra característica imprescindível é a "invisibilidade" para o sistema imunológico, caso contrário, o organismo simplesmente vai eliminá-los. Além disso, as nanopartículas não devem acumular-se dentro do organismo, e a sua superfície não deve ficar suja. Posso indicar, como um exemplo, o silício ou os materiais compósitos com presença de silício, que usamos ativamente nas nossas pesquisas.
S: Qual é a sua previsão sobre o futuro da nanoteranóstica? Quais são as tarefas atuais?
AK: A nossa tarefa atual concreta pode ser chamada metaforicamente de “matrimônio da nanoteranóstica e da medicina nuclear”. Nós consideramos que a união dos métodos da nanomedicina com o uso de nanomateriais ultralimpos biodegradáveis e os métodos únicos da MEPhI na área da síntese de isótopos radiativos abre a perspectiva de criação de tecnologias inovadoras da nanoteranóstica no diagnóstico e no tratamento das doenças oncológicas.
Do ponto de vista da pesquisa, os nossos projetos representam um avanço considerável. Mas o objetivo final é aplicar as nossas descobertas médicas na prática. O próximo passo será demonstrar a vetorização (direção das nanopartículas) dos remédios em tumores modelo e depois realizar testes clínicos em colaboração com os médicos.