"O desfile das soberanias europeias não é apenas um sinal para as autoridades nacionais de cada país, mas também um sinal dos cidadãos para as autoridades da União Europeia (UE), exigindo a defesa de seus direitos, uma vida em um mundo seguro e pacífico, ter a possibilidade de trabalhar de forma estável e com pleno respeito pelas suas tradições e interesses nacionais", afirmou o parlamentar.
De acordo com Zheleznyak, as pessoas na Europa estão cansadas de "decisões ineficazes dos burocratas da UE, uma organização que segue as táticas de avestruz e prefere não perceber que a crise se tornou mais aguda".
"As contradições dentro de cada país devem ser resolvidas pelas autoridades de forma paciente e razoável, não reprimindo os cidadãos por expressarem sua vontade, como aconteceu na Catalunha", afirmou o político.
O deputado apontou que o caminho para resolver a crise em cada país é através do diálogo e enfatizou que, neste momento, a sabedoria das autoridades italianas depende do desenvolvimento da situação no país e em toda a Europa.
"A exigência dos habitantes das províncias italianas de estender sua autonomia não contradiz a Constituição, e a resposta oficial de Roma, bem como a reação da UE aos resultados dos referendos no Vêneto e na Lombardia, será uma nova ilustração de sua atitude perante a voz do povo", advertiu Zheleznyak.
O termo "desfile de soberania" apareceu pouco antes da dissolução da antiga União Soviética, quando, entre 1990 e 1991, muitas das repúblicas que compunham o país aprovaram as respectivas declarações de independência, desafiando as leis da URSS.
No último domingo, as pessoas nas regiões italianas de Vêneto e Lombardia – duas das mais ricas do país – votaram em referendos não vinculativos a favor de iniciar negociações com Roma para obter mais autonomia.
De acordo com dados preliminares, 98,1% dos eleitores no referendo de Vêneto expressaram apoio para mais autonomia do governo central, enquanto na Lombardia mais de 95% dos eleitores disseram que sim e cerca de 3% votaram em contra.
As regiões italianas realizaram suas consultas três semanas após o referendo da região espanhola da Catalunha, que aconteceu apesar da proibição do Tribunal Constitucional espanhol, no qual 90% dos eleitores votaram pela independência da Espanha.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, anunciou no último sábado a aplicação do artigo 155 da Constituição, com o qual ele procederá para convocar eleições na Catalunha, cessar todo o executivo catalão e assumir os poderes do governo central.