De acordo com o ICMBio, várias equipes têm atuado noite e dia para conter as chamas. São cerca de 200 brigadistas e bombeiros, além do apoio de cinco aviões tanque do Instituto, helicópteros do IBAMA e polícias Rodoviária Federal e Militar do Distrito Federal, entre outras entidades. A Força Aérea Brasileira (FAB) liberou o avião Hércules para também atuar no combate ao incêndio. Até agora, 1 milhão de litros de água foram utilizados nos focos de incêndio.
Além das forças oficiais, a operação conta ainda com uma rede de voluntários da Chapada dos Veadeiros, ajudando não só no combate às chamas fora do parque, mas também na captação de recursos para dar suporte à ação.
Em entrevista à Sputnik Brasil, a fotógrafa Flávia Davies, voluntária nos esforços de combate às chamas, explicou que o fogo que se alastra pela região atualmente é referente a um de uma série de cinco incêndios, que autoridades e ambientalistas acreditam ser criminosos, provocados por fazendeiros insatisfeitos com a recente ampliação da área de proteção da Chapada, ocorrida em julho.
"Esse, que é o mais forte, começou agora, no dia 17, e, até agora, não foi controlado. Graças a essa rede de apoio que a gente criou neste final de semana, com a contribuição de todos os voluntários daqui da área, é que a gente está conseguindo chamar a atenção e está conseguindo justamente organizar a logística, os voluntários e a comunicação", disse ela, que é moradora da cidade de Alto Paraíso de Goiás, onde a Prefeitura decretou estado de emergência devido ao incidente.
O ministro do Meio Ambiente, Marcelo Cruz, disse na última quarta-feira, 25, que acionou o Ministério da Justiça para pedir investigações da Polícia Federal para apurar a origem das chamas que atingem a Chapada dos Veadeiros.
Para Flávia, há uma série de indicadores que levam a acreditar na versão defendida por muitos de que o fogo teria sido provocado por intervenção humana:
"100% das pessoas com quem eu converso afirmam a mesma coisa. Não chove agora, nessa época. Justamente, é época de seca, não existe raio, não tem nada que possa provocar essa combustão natural. E também o que aconteceu foi que foram faixas de terra capinadas… Não tem como elas queimarem sozinhas. Além disso, colocou fogo na vegetação nos dois lados da rodovia."
Segundo o Instituto Chico Mendes, o parque em questão é refúgio de espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas (só existem no local), como o cervo-do-Pantanal, lobo-guará, pato-mergulhão e a onça-pintada, maior mamífero carnívoro da América do Sul, que estão morrendo em grande quantidade ou ficando feridos. Além disso, o parque é composto também por formações vegetais, centenas de nascentes e cursos d'água e rochas com mais de um bilhão de anos.
Na última segunda-feira, 23, em meio ao caos provocado pelo fogo, a Câmara dos Vereadores do município de Alto Paraíso de Goiás decidiu, por 7 votos a 1, acabar com a Secretaria do Meio Ambiente, fazendo uma fusão da mesma com a da Agricultura, decisão considerada muito grave por Flávia Davies.
"Pelo novo projeto, ao meio ambiente restará apenas um cargo dentro da nova secretaria formada. O que acontece aqui e agora é muito grave. Já temos a certeza de que os incêndios no Parque Nacional foram criminosos, em retaliação à ampliação mesmo. Cadê a cidade que tem como meta 17 objetivos de desenvolvimento sustentável?!", se queixou a fotógrafa.