Logística da Terceira Guerra Mundial: Europa está preparada para guerra com Rússia?

© REUTERS / Ints KalninsBandeiras dos EUA e da OTAN na base aérea militar em Siauliai, Lituânia, 27 de abril de 2017
Bandeiras dos EUA e da OTAN na base aérea militar em Siauliai, Lituânia, 27 de abril de 2017 - Sputnik Brasil
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Aeródromos, portos, estações de trem e estradas: a OTAN tem estado tornado a Europa em uma cabeça de ponte para deslocamento imediato de grandes contingentes militares e equipamentos pesados. Pouco a pouco, o mecanismo, que se enferrujou depois da guerra fria, tem sido recuperado. Já ninguém disfarça que o motivo é a "ameaça russa".

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Nesta terça-feira (25), foi revelado que a Aliança tenciona aprovar a criação de dois novos comandos militares no caso de um potencial conflito com a Rússia. O propósito do primeiro é a logística, o segundo vai visar "tornar seguras" nas vias marítimas no Atlântico e Ártico contra submarinos russos.

Trincheiras, postos de bloqueio de estradas, sacos de areia e tanques enterrados: não é de descartar que será assim a Europa do futuro aos olhos dos estrategistas da OTAN. De acordo com a edição The Wall Street Jornal, citando funcionários dos países aliados, para acelerar os processos de deslocação de pessoas e suprimentos, no quadro da OTAN pode ser criado um comando independente. Esta questão será resolvida definitivamente em novembro durante a reunião de ministros da defesa dos países da OTAN.

© AFP 2023 / Anders WiklundVeículo blindado da OTAN no Báltico
Veículo blindado da OTAN no Báltico - Sputnik Brasil
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Todos os militares sabem que a capacidade de combate de qualquer exército depende de uma logística bem construída. Posicionamento e retirada rápida de tropas, rotações, deslocamento, operações de desembarque – para realizar tudo isso com êxito é preciso que a infraestrutura de transportes seja perfeita. Nas condições de guerra, estradas e ferrovias, aeródromos civis, portos marítimos e hubs passam a ser utilizados. Hoje em dia a OTAN, junto com os EUA, estão arrumando ativamente tudo isso.

"Eles precisam pôr em ordem a deslocação de tropas não propriamente na Europa, mas da América do Norte à Europa", frisa o vice-diretor do Instituto para Análise Política e Militar, Aleksandr Khramchikhin. "Trata-se da transferência de equipamentos pesados, já que tudo o que os EUA têm hoje na Europa é inútil contra a Rússia."

No Ocidente ninguém disfarça que a questão do aumento de mobilidade de tropas durante a mudança da estrutura do comando da Aliança é uma prioridade. Oana Lungescu, representante oficial da OTAN, afirmou à Sputnik que os aliados até chegaram a adaptar as legislações nacionais para que o equipamento militar possa atravessar as fronteiras de forma mais simplificada e mais rápida.

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Os norte-americanos reclamaram mais de uma vez de problemas com o transporte de cargas e contingentes militares pelo território da UE. De acordo com o comandante das Forças Armadas dos EUA na Europa, Ben Hodges, no caso de ações militares, a quantidade de ferrovias entre a Alemanha e Polônia será insuficiente, além disso, muitas pontes europeias não suportarão o peso dos tanques.

"O reforço de pontes é o primeiro sinal de preparações para o reposicionamento de material blindado pesado", afirmou à Sputnik o especialista militar Mikhail Khodarenok.

De fato, Hodges apela à criação de um "espaço Schengen militar", a fim de transportar rapidamente tropas à Lituânia via países de transito. Ele tem certeza que a promoção de quaisquer ações militares no oriente da Europa passará via Polônia.

© AP Photo / Mindaugas Kulbis Tanques da OTAN na Letônia, perto da fronteira com a Rússia
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Tanques da OTAN na Letônia, perto da fronteira com a Rússia
Um grande hub logístico da Aliança já está sendo criado na base da Força Aérea Polonesa perto do povoado de Powidz. Está planejado investir no aeródromo militar US$ 200 milhões de dólares (R$ 646 milhões) e torná-lo no maior palco de suporte das forças da OTAN em todos os países do Báltico e no norte da Europa, bem como na Bulgária e Romênia. Khodarenok sublinhou que, todas as medidas realizadas contribuem para que as unidades e agrupamentos das Forças Armadas dos EUA e dos países da OTAN sejam deslocadas para perto da fronteira ocidental da Rússia muito mais rápido que antes, o que por sua vez aumentará as tensões entre a Aliança e Moscou.

'Não vamos entregar o Ártico' 

É interessante notar que, de acordo com os dados da edição, além do comando logístico, a OTAN planeje formar mais um, que será responsável pela proteção das vias marítimas de entrada na Europa nas áreas dos oceanos Atlântico e Ártico, em particular, das ameaças por parte de submarinos. Fica claro que se trata de submarinos russos, já que os chineses aparecem lá muito raramente.

"A Rússia não se está preparando para tal tipo de ações, especialmente no Atlântico", assinala o ex-comandante da Frota do Norte, almirante Vyacheslav Popov. "Nossa estratégia de defesa só visa proteger as nossas próprias fronteiras."

Falando sobre o oceano Ártico, o almirante frisou que a Rússia não entregará a ninguém a Rota Marítima do Norte e vai continuar reforçando aí seu potencial.

Muitos especialistas militares veem na criação do novo comando da OTAN uma parte do plano que visa proteger as vias de comunicação marítimas para futuro deslocamento de tropas e equipamento pesado a partir dos EUA.

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Neste momento, o maior hub militar europeu dos continua sendo a base aérea de Ramstein na Alemanha. Sendo um cento logístico principal, esta cumpre funções de quartel-general da Força Aérea dos EUA na Europa e de centro de comando do sistema combinado de defesa antiaérea dos países da OTAN. Além de Ramstein, o Pentágono mantém na Europa ainda 350 bases mais pequenas e é proprietário de 40 delas.

De acordo com estimativas de especialistas, muitos fatos indicam agora que os EUA têm preparado gradualmente a infraestrutura nos países da Europa Oriental e do Báltico para aquartelamento de um agrupamento de tropas com até 150.000 efetivos.

Andrei Stanavov para a Sputnik

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