Neste caso, a palavra "modernização" não se refere apenas a reparações externas, mas ao reequipamento completo do veículo de combate com sistemas e mecanismos de nova geração. O tanque aprendeu a "enxergar" melhor, a se mover mais rápido e atirar com mais precisão.
Este artigo descreve as características que fazer o T-72B3 se distinguir dos outros da família T-72 e explica por que ele ficou menos vulnerável para os tanques da OTAN.
Barato, mas seguro
Inicialmente, o Ministério da Defesa russo pensou a modernização B3 como uma opção rápida e barata de "refrescar" os tanques T-72 que foram desenvolvidos ainda no início dos anos 70 e que estavam ao serviço do exército da Rússia. Ninguém planejava realizar grandes alterações, planejando se limitar apenas à substituição das partes mais antigos por outras mais modernas. Mas tudo acabou com uma modernização séria do veículo, levando suas características de combate quase até ao nível das do tanque T-90S.
A característica mais importante dos tanques da família T-72 é que são excepcionalmente confiáveis e funcionam perfeitamente mesmo em condições difíceis, quer haja calor ou frio extremos, pó ou umidade elevada do ar. É quase impossível "quebrar" o tanque T-72, por isso o foco das mudanças abrangeu principalmente não a estrutura de base, mas os sistemas de proteção e de controle de fogo.
O tanque renovado foi coberto com proteção de todos os ângulos, o que aumentou sua eficácia e capacidade de sobrevivência. Incluindo em combates com uso em massa de armas antitanque. Os painéis em grelha de cobertura e módulos da proteção dinâmica Relikt sobre blindagem multicamada tornaram o veículo de combate em uma fortaleza móvel, resistente a projetis cumulativos e até perfurantes.
De acordo com o especialista militar Viktor Murakhovsky, a proteção dinâmica da geração anterior funcionava principalmente contra munições cumulativas, mas não tinha muito êxito contra as cinéticas. "Se falarmos dos tanques da OTAN, sua principal ênfase no combate contra alvos fortemente blindados é feita nos projetis subcalibre perfurantes."
Novo canhão e projetis
Murakhovsky explicou à Sputnik que o elemento principal da modernização para o T-72B3 é o aumento do poder de fogo, sobretudo graças ao aperfeiçoamento radical do sistema de controle de tiro.
Foi instalado o visor Sosna-U, que funciona em quaisquer condições de tempo, tanto de dia como de noite, assegura a orientação do canhão até distâncias extremas.
Arma de penetração
Ao reequipar o veículo, os engenheiros não se esqueceram da parte propulsora. O veterano blindado passou por um "transplante de coração" e agora dentro dele há um motor V-92S2F do T-90, proporcionando-lhe uma potência de 1.130 cv, contra os 780 cv do V-46, que foi utilizado nas versões antigas do T-72. A construção especial do motor diesel permite minimizar o aquecimento do corpo devido ao funcionamento do sistema de escape e reduzir a visibilidade do tanque em radiação infravermelha. Devido ao aumento significativo de potência, o tanque ficou muito mais dinâmico, manobrável e rápido.
"Tanques não combatem outros tanques. Para isso existem unidades antitanque. A missão dos tanques é romper a defesa do inimigo, não agindo sozinhos, mas em colaboração com a infantaria e a artilharia e sob proteção de sistemas de defesa antiaérea. As unidades de tanques permitem desenvolver o sucesso tático, flanquear rapidamente o inimigo e penetrar na retaguarda do inimigo, destruir seus postos de comando, aeródromos e centros de comunicação", sublinhou Murakhovsky.
Um traço importante que faz o T-72B3 diferir de sua versão inicial é a caixa de velocidades automática, a mesma do T-90MS. Além disso, ele possui um sistema automático que avisa ele próprio sobre avarias ou danos no chassi.
De acordo com o comandante das Forças Terrestres russas, coronel-general Oleg Salyukov, gradualmente todo o exército russo adotará ao serviço os tanques modernos T-72B3, T-80U e T-90A. Até 2020, está planejado substituir 71% dos tanques antigos por modernos.