Foi o que disse o ministro da Defesa da Lituânia, Raimundas Karoblis, à Agência Reuters. O país espera chegar a um acordo com a OTAN para que a organização implemente permanentemente armas antiaéreas no Báltico ou na Polônia — um movimento visto por Moscou como um acúmulo militar injustificado em suas fronteiras.
"Nós esperamos assim", disse Karoblis quando perguntado se ele via a possibilidade de um acordo para 2018. "A defesa aérea é uma das questões que precisamos abordar. Também precisamos olhar para outros domínios, como a reforma da estrutura de comando da OTAN, precisamos avançar sobre todos esses aspectos".
A Lituânia, que faz fronteira com a região russa de Kaliningrado, aumentou a sua preocupação com as movimentações russas em 2014, quando a península da Crimeia voltou a fazer parte do território russo, após um referendo local optar para que a área deixasse de integrar a Ucrânia. No Ocidente, a ação foi considerada ilegal e um ataque à soberania de Kiev.
Além disso, o governo russo foi acusado por países da OTAN por fornecer armas e tropas para rebeldes separatistas no leste da Ucrânia, o que fez a entidade enviar mais forças para o Báltico, o leste da Polônia e ao redor do Mar Negro.
Karoblis defendeu ainda a realização de novos exercícios militares da OTAN no país, sobretudo após as manobras Zapad 2017, realizadas por tropas russas e bielorrussas nas proximidades da fronteira. A Lituânia já sugeriu que uma possível invasão dos países do Báltico pela Rússia teria sido ensaiada, o que Moscou negou, afirmando que só realizou exercícios de defesa.
Novo comando
Para lidar com o que considera uma ameaça russa, a OTAN está preparada para criar dois novos centros de comando, incluindo uma das vias marítimas do Atlântico, de acordo com o que disse Jens Stoltenberg à Agência AFP nesta terça-feira. A ideia surgiu da impressão de que a entidade esteja mal equipada para responder a uma suposta agressão russa.
Reunidos em Bruxelas, os ministros de defesa dos 29 países da OTAN devem concordar nesta semana com as novas medidas, que também incluem um novo comando de logística europeu. Stoltenberg disse que a estrutura de comando da OTAN, reduzida nas últimas décadas em nome da eficiência e da redução de custos, foi a "espinha dorsal da aliança", mas precisava de atualização.
"Isso incluirá: um novo comando para ajudar a proteger linhas de comunicação marítimas entre a América do Norte e a Europa. E outro comando para melhorar o movimento de tropas e equipamentos na Europa. Nossa capacidade de mover forças é essencial para a dissuasão e a defesa coletiva", afirmou.
No final da Guerra Fria, a OTAN tinha cerca de 22.000 funcionários em 32 comandos, mas cortes e reestruturação desde 2002 deixaram a aliança com apenas 7.000 funcionários em sete estruturas.
Mas a crise da Criméia em 2014 e suposta quebra na soberania da Ucrânia reviveram os medos longamente latentes da ameaça do leste. O embaixador dos EUA na OTAN, Kay Bailey Hutchison, disse que a crise da Ucrânia despertou a aliança para a necessidade de reforma.
"Nós vimos a necessidade de ter mais dissuasão contra a invasão russa no leste após a Crimeia. Por isso, começamos a ver se nós possuímos a estrutura de comando certa e o que precisávamos fazer para fazer uma operação mais eficiente que funcionasse", disse ela a repórteres.