Para William Brown, professor adjunto da Escola de Serviços Exteriores da Universidade de Georgetown, o foco do governo estadunidense deveria ser o "sistema socialista estalinista", inspirado no governo do líder soviético Josef Stalin (1922-1952).
"Devemos deixar claro que podemos ajudar a curar o país se quiser tal ajuda. Caso contrário, o regime e seu sistema de falhas continuarão sendo nosso inimigo", afirmou Brown nesta quarta-feira, em entrevista ao jornal sul-coreano Korea Times.
Especialista em assuntos norte-coreanos, o analista norte-americano disse que a administração do presidente Donald Trump deveria considerar seriamente a criação de um canal de diálogo e um grupo de trabalho que pudesse intermediar o contato com Kim.
"A decisão-chave seria sobre quem iria participar. Nós tentamos de tudo, exceto as reuniões bilaterais dos Estados Unidos — Coreia do Norte, e eu provavelmente argumentarei que agora é a hora de tentar", avaliou o especialista.
Brown comentou também que Pyongyang não deverá retornar à mesa de negociação se os EUA exigirem um completo desmantelamento de seus programas de desenvolvimento de armas nucleares. Para o analista, é importante manter a crescente pressão sobre a Coreia do Norte, até que as sanções façam efeito sobre a economia norte-coreana.
"Eu acho que precisamos de um pouco mais de retórica e postura, o suficiente para cansá-los de estar alerta de guerra e dar um pouco mais de tempo para [terem efeito] sanções difíceis de morder. Então [o país] estará pronto para algum tipo de envolvimento de alto nível, cujo objetivo seria começar um caminho para abrir a Coreia do Norte para si e para o mundo real", afirmou o docente de Georgetown.
Na mesma entrevista, o especialista mencionou que "unificação, ou mesmo completa, verificável e irreversível desnuclearização" não precisam ser alvo de disputas neste momento – embora os temas interessem no longo prazo. Contudo, além do trabalho multilateral com outros países, como China e Rússia, Brown mencionou que os EUA poderiam dar o primeiro passo para lidar com a "belicosidade de Kim".
"Se Kim não pode começar uma guerra agora, já que ele pensa que Trump, e provavelmente Moon [Jae-in, presidente da Coreia do Sul], estão prontos para destruí-lo, agora mantemos a iniciativa de começar ou não começar algo. E estou certo de que não vamos, a menos que provocemos severamente. Kim pode cometer um erro, mas isso parece improvável, dado as consequências [de uma guerra]", finalizou.