Na gravação, que circula na internet, Waack aparece fazendo comentários racistas, em off, sobre um motorista, durante a cobertura das eleições norte-americanas do ano passado. As imagens desse grave episódio foram publicadas recentemente pelo operador de VT Diego Rocha Pereira, ex-funcionário da Globo, e o designer gráfico Robson Cordeiro Ramos, que trabalha com Diego na produção de festas de música negra em São Paulo.
Em entrevista à Jovem Pan, os dois contaram que o vídeo, obtido por Diego quando ele trabalhava com Waack, foi enviado primeiramente para a imprensa, mas sem grande repercussão. Depois, o material foi mandado para um grupo de líderes do movimento negro, com o objetivo de mostrar como até um jornalista tão influente quanto aquele podia ser racista.
"Eu me revolto porque ele [Waack] trabalha com milhões de negros dentro da Globo. Ele é o âncora, ele traz a informação, mas em volta dele tem um monte de negros trabalhando. Fico imaginando como ele é fora da câmera", diz Ramos
De acordo com Diego, o fato de ninguém ter feito nada no momento em que o comentário racista foi proferido é um sintoma muito negativo da maneira como o racismo é encarado.
"Ele não foi repreendido depois. Ali estava cheio de gente, tinha coordenador, diretor de imagem, o próprio entrevistado poderia ter reclamado da 'piadinha'", afirma.
Para Robson, esse incidente poderá ter um efeito positivo para a discussão sobre o problema do racismo no Brasil:
"As pessoas vão pensar: 'olha o que aconteceu com ele, se eu tiver a mesma atitude, acontecerá comigo também'."