Apesar da melhora, o Brasil continuou no sétimo lugar do ranking entre os 11 países latino-americanos pesquisados, atrás da Argentina (145,2 pontos) e do Peru (126,1). Mesmo entre os BRICS, o país fica atrás da Índia (113,8), China (106,8) e Rússia (99,6), à frente apenas da África do Sul (59,1).
Segundo a pesquisa, a retomada da economia ainda esbarra em alguns sérios entraves como falta de infraestrutura, corrupção, demanda fraca, falta de competitividade internacional e excesso de burocracia, principalmente junto aos investidores externos.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Marcel Balassiano, pesquisador da FGV-Ibre, diz que o ICE reflete bem o que acontece hoje com a economia brasileira.
"Esse ano é o da saída da pior recessão da história do país nos últimos 120 anos, que começou no segundo trimestre de 2014 e terminou no final do ano passado. Em 2015 e 2016, o PIB caiu quase 4% ao ano, e este ano devemos ter um crescimento próximo de 1%. Não é um crescimento muito forte, mas já é uma melhora vindo dessa base muito baixa desses dois anos. A expectativa para o ano que vem é de um crescimento de 2,5%", diz o pesquisador.
Balassiano também atribuiu a melhora do índice a outros fatores importantes, como a queda da inflação — ajudada em muito pela grande safra de alimentos —, o que permitiu uma redução expressiva da taxa básica de juros, a Selic.
"Vale lembrar que em 2015 a inflação fechou com alta de 10,7% e agora está em 2,7% no acumulado de 12 meses, e deve fechar o ano por volta de 3%, abaixo da meta de 4,5% fixada pelo governo. Há um ano, a Selic estava em 14,25% e hoje se encontra em 7,5%." Segundo ele, a mudança de governo e a volta da credibilidade do Banco Central também contribuíram para esse processo de redução.
O pesquisador exemplifica o quanto os alimentos contribuíram para a queda de preços. A alimentação, que tem peso de 17% no índice oficial (IPCA), apresentava uma inflação de 17% em agosto do ano passado no acumulado de 12 meses, enquanto agora o indicador mostra uma deflação de 5%. Ainda assim, ele aponta questões que continuam preocupantes, como a questão fiscal e o desemprego que, apesar de apresentar trajetória declinante, ainda está muito elevado, com mais de 12 milhões de pessoas sem trabalho. O indicador, historicamente, também é o último a reagir na economia, observa.