Tal estratégia fará com que a Rússia mantenha seu arsenal nuclear no quadro de tratados internacionais e possa garantir a estabilidade estratégica em meio à expansão do sistema de defesa antimíssil global.
Nesta matéria, a Sputnik explica por que várias ogivas são melhores do que uma e por que é tão importante possuir "potencial de retorno".
Entre eles, o Voevoda é o mais pesado e consegue "dispersar" dez ogivas nucleares orientadas independentemente, cujo peso total corresponde a nove toneladas e a potência de cada uma alcança um megaton de TNT. Um golpe do Voevoda pode erradicar da face da Terra uma cidade do tamanho de Nova York. Hoje em dia, a indústria russa está elaborando outro míssil balístico intercontinental ainda mais potente, RS-28 Sarmat, que entrará em serviço daqui a alguns anos, mais precisamente entre 2018 e 2020.
Jogo com ogivas
A vantagem dos assim chamados mísseis de reentrada múltipla é que cada um deles pode carregar vários blocos de combate de orientação individual. De acordo com o Tratado de Redução de Armas Estratégicas, um míssil nuclear pode carregar apenas uma ogiva, outros podem ser escondidos em armazéns – para momentos difíceis. Foi assim que os norte-americanos fizeram: retiraram ogivas nucleares "em excesso" dos seus mísseis Minuteman-3 de três cargas úteis, para cumprimento do tratado com a Rússia. Em se tratando de mísseis balísticos monoblocos, a história é mais complicada, pois, caso a situação geopolítica dificulte, seria impossível reforçar sua potência de ataque de forma rápida.
"A variação da quantidade de cargas úteis é conhecida como 'potencial de retorno'", explicou à Sputnik o especialista militar e ex-chefe do Estado-Maior da Força Estratégica de Mísseis russa, Vektor Esin.
"Os EUA utilizam essa estratégica ativamente. A Rússia deveria contar com a mesma quantidade de portadores para que em períodos ameaçadores possamos fazer com que os blocos de combate sejam devolvidos a seus mísseis", acrescentou ele.
Enganando defesa antimíssil
Uma das vantagens do míssil monobloco corresponde à sua grande capacidade de carga, que pode ser usada para equipá-lo com um complexo mais potente para superar defesa antimíssil. Mas há solução para isso também.
Em um míssil de reentrada múltipla, o complexo pode ser instalado no lugar de blocos de combate para que o míssil supere qualquer “guarda-chuva” de defesa antimíssil.
O vice-ministro da Defesa russo, Yuri Borisov, em 2015, após a apresentação do míssil Yars, qualificou a criação como um "complexo único" capaz de "enganar o inimigo" e superar todos os sistemas de defesa antimíssil.
Estratégias de intercepção
Vale ressaltar que desde 2002, quando os EUA abandonaram o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos, o Pentágono vem elaborando seu sistema múltiplo de defesa antimíssil global com subsistemas de baseamento terrestre (THAAD, Patriot PAC-3, Aegis Ashore), naval (Aegis) e aéreo (ABL).
Mesmo com a falha de quase metade dos lançamentos de mísseis antibalísticos, os norte-americanos conseguiram alcançar determinados êxitos. No início de novembro, a Agência de Defesa de Mísseis dos EUA (MDA) concluiu a instalação de mísseis de intercepção de baseamento terrestre no Alasca. No total, MDA e Boeing instalaram 44 mísseis na região.
De acordo com a versão oficial, os silos com antimísseis situados em Fort Greely são destinados única e exclusivamente para intercepção de mísseis balísticos norte-coreanos e iranianos, contudo, especialistas acreditam que estrategistas norte-americanos levam em consideração mísseis russos e chineses também. Só que não é comum divulgar informações do tipo.