O vice-ministro das Finanças da China, Zhu Guanyao, anunciou que o limite máximo de capital estrangeiro em empresas gestoras de valores, fundos e futuros da China será aumentado para 51%. Três anos após a entrada em vigor dessas normas, todos os limites serão abolidos. Agora há diversas restrições: a cota máxima de 20% na compra de ações para investidores individuais e o limite máximo de 25% para o conjunto dos investidores estrangeiros. Entretanto, Zhu Guanyao não disse quando as novas medidas entrarão em vigor.
Durante o encontro de Trump com o líder chinês Xi Jinping, o presidente norte-americano se queixou das condições injustas de comércio entre dois países e apelou para ampliar o acesso das empresas norte-americanos aos mercados chineses.
Não é de admirar que a liberalização dos mercados financeiros, anunciada pelas autoridades da China, seja definida por muitas pessoas como um sucesso diplomático de Trump. Entretanto, isso não corresponde realmente à verdade. Segundo o especialista do Instituto da Economia Mundial da Academia Chinesa de Relações Internacionais Contemporâneas, Xu Feibiao, essas decisões de Pequim foram exploradas e acordadas a diferentes níveis durante um longo período de tempo.
"A China presta muita atenção à estabilidade financeira. Por isso nos últimos dois anos adotou uma série de medidas restritivas ligadas ao sistema bancário paralelo e mercados financeiros. Por essa razão, a declaração atual se tornou uma surpresa para muitos. Na verdade, a necessidade de reformar e de tornar o setor financeiro mais aberto foi discutida ainda no 18° Congresso do Partido Comunista. No relatório do atual 19° Congresso do partido, também se falou da necessidade de reformas em favor do mercado e de uma maior abertura do setor financeiro, bem como da internalização do yuan, de forma a que a economia chinesa passe para um novo nível", disse ele à Sputnik China.
Durante muitos anos a China encorajou os investimentos em projetos sociais e de infraestrutura, bem como no setor imobiliário. Esses setores necessitam de investimentos a longo prazo e empregam muitas pessoas, tendo contribuído para o crescimento do PIB. Entretanto, hoje em dia nesses setores se observa uma bolha que exige mais créditos. As autoridades entendem que tudo isso pode levar a uma falha maciça de pagamento de dívidas, que, por sua vez, representa um risco sistêmico para a economia.
De acordo com Julian Evans-Pritchard da empresa Capital Economics (Asia) Pte. Ltd., a China planeja usar a experiência estrangeira para lidar com o endividamento excessivo nos mercados financeiros.
"As autoridades esperam que concorrência seja benéfica [para a economia chinesa] e que o sistema financeiro se torne mais eficaz. No entanto, o aumento da participação dos investidores estrangeiros [no capital das empresas chinesas] é uma questão controversa. Todos estão preocupados com o problema do endividamento, o papel das entidades regulatórias e as regras pouco claras no mercado, bem como com a possibilidade de controle das autoridades sobre o fluxo de capitais", disse ele.
A cooperação será mutuamente vantajosa. Os estrangeiros terão acesso a parte do mercado, enquanto as autoridades aprenderão a regular o setor financeiro.