As prisões dos três deputados estaduais, realizadas na última quinta-feira por ordem da Justiça, levaram à realização de uma sessão extraordinária nesta sexta-feira. Para que o trio seguisse atrás das grades, era preciso anuência dos colegas da ALERJ. Antes mesmo da votação, o clima era de que seriam libertados.
"Não podemos nos vergar e deixar de cumprir o que a Constituição determina. Vamos ter desgaste eleitoral, não tenham dúvida, mas quero dormir com a consciência tranquila", afirmou o deputado André Corrêa (DEM), um dos que foi à tribuna para defender os colegas detidos.
Já a oposição defendeu a manutenção não só das investigações, mas também das prisões dos deputados. Um dos mais exaltados neste sentido foi o deputado Marcelo Freixo (PSOL), que destacou que a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), que deu base para as prisões, é sólida e suficiente para que o trio seguisse preso.
"Pelo raciocínio da base do governo, esta Casa só tem autonomia se decidir pela soltura dos deputados. Não é correto, vamos votar o que cada consciência determinar. Esta é uma votação política. O Tribunal teve um entendimento, foram 5 votos a zero, de unanimidade, o que é raro no Judiciário. É uma denúncia muito grave, não é irrelevante", comentou.
Mais cedo, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da ALERJ já havia aprovado, por 4 votos a 2, um parecer favorável à soltura dos três deputados e à manutenção dos seus cargos na Casa.
VOTOS PELA PRISÃO
— Gabriel Barreira (@barreiragabriel) 17 de novembro de 2017
Benedito Alves
Carlos Macedo
Minc
Osorio
Dr Julianelli
Eliomar Coelho
Enfermeira Rejane
Bolsonaro
Flavio Serafini
Gilberto Palmares
Luiz Paulo
Marcelo Freixo
Marcio Pacheco
Martha Rocha
Samuel Malafaia
Waldeck Carneiro
Wanderson Nogueira
Zeidan#CadeiaVelha
Os deputados passaram a noite na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, completou nesta sexta-feira um ano preso. Eles foram levados para lá após decisão unânime do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). O trio é alvo da Operação Cadeia Velha, que desarticula um suposto esquema de corrupção entre políticos e empresários do transporte público no Rio. A investigação aponta que o pagamento de propinas começou na década de 1990.
Protestos ignorados
Do lado de fora, servidores e manifestantes protestavam contra a provável soltura dos três deputados que já se avizinhava. Convocado pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe), o protesto seguia pacífico até que policiais militares abordaram um homem que soltava rojões no local.
Sentindo-se hostilizados, os policiais lançaram bombas de gás contra a multidão, dando início ao tumulto. Não há informações sobre presos ou feridos durante a manifestação.
Continuam os confrontos entre o Batalhão de Choque da PM e os manifestantes no entorno da ALERJ. #trAlerj pic.twitter.com/HcIBvSoJr6
— BandNews FM - Rio (@bandnewsfmrio) 17 de novembro de 2017
Manifestantes aguardavam a abertura das galerias da ALERJ quando a polícia dispersou protesto com bombas de gás. pic.twitter.com/jywgidIvI2
— The Intercept Brasil (@TheInterceptBr) 17 de novembro de 2017
Momentos antes do início da votação, a Justiça concedeu liminar que autorizava a entrada de manifestantes nas galerias da ALERJ, para acompanharem a votação. Contudo, sem a notificação judicial entregue, a Casa não cumpriu a determinação.