O alívio da dívida permitirá à Venezuela "alocar fundos ao desenvolvimento da economia do país, melhorar a solvência, aumentará as possibilidades de todos os credores recuperarem os créditos que concederam ao país latino-americano".
O vice-presidente da Venezuela para a Área Econômica, Wilmar Castro Soteldo, declarou que as condições mais flexíveis de amortização da dívida permitirão aumentar as trocas comerciais entre os dois países.
Nesta semana, a Venezuela ficou à beira de calote, afirmou a autora do artigo. Em 13 de novembro o país não pagou 200 milhões de dólares (R$ 655 milhões) em juros da empresa petrolífera estatal PDVSA e entrou em default seletivo. A agência de notação S&P considera possível que Caracas volte a entrar em suspensão de pagamentos nos próximos três meses.
"A Rússia é um dos maiores credores da Venezuela. Caracas deve a Moscou cerca de 8 bilhões de dólares [R$ 26 bilhões]", sublinhou Samofalova.
Além disso, a Rosneft tem ações em petroleiras venezuelanas e obtém prioridade nos projetos de petróleo do país. A empresa russa, por exemplo, recebeu 49,9 por cento das ações da refinaria norte-americana Citgo Petroleum, como forma de garantir o pagamento do empréstimo de 2016 à PDVSA.
"A Rússia não está interessada no calote da Venezuela, porque nesse caso seus ativos, ações nas empresas petroleiras, incluindo na Citgo, serão vendidas por causa das dívidas", explicou Kiril Yakovenko da empresa Alor Broker, citado pela periodista.
A Rússia precisa da Venezuela também como aliado na arena internacional. Em particular, sendo membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a Venezuela apoia as decisões mais vantajosas para a Rússia, sublinhou Yakovenko.
"Moscou e Caracas têm vários tratados onde são aliados […] Portanto, nos convém apoiar este país", disse Pavel Sigal, vice-presidente da organização russa de pequenas e médias empresas Opora Rossii.
Com mais de 400 bilhões de dólares de reservas internacionais (R$ 1,3 trilhão), "A Rússia pode permitir-se esta generosidade", destacou Samofalova.
"Entretanto, durante todo este tempo a Rússia terá que prestar apoio ao seu aliado latino-americano", concluiu a especialista.