Além disso, desapareceu o "cartão-de-visita" das tropas de desembarque aerotransportadas, as boinas azuis. As próprias Tropas Aerotransportadas da Ucrânia trocaram seu nome por Tropas de Assalto Aéreo. De acordo com os generais ucranianos, a decisão sobre o "rebranding" foi tomada para lutar contra a "influência de Moscou" e as "tradições soviéticas do país invasor". Contudo, este passo parece ser mais com uma tentativa de "copiar" cegamente os exércitos de países ocidentais desenvolvidos. Neste artigo, a Sputnik explica como as tropas ucranianas tentam se parecer com as da OTAN.
'Como na Europa'
A decisão de trocar boinas azuis por grenás foi anunciada pelo Ministério da Defesa ucraniana no início de novembro, frisando que a cor não foi escolhida por acaso. As boinas desta cor foram usadas pelos "paraquedistas do Reino Unido, sendo as primeiras no mundo a criarem uma divisão completa independente de paraquedistas".
O emblema para cobertura de cabeça mudou também. As boinas de tropas aerotransportadas ucranianas serão decoradas com uma cúpula de paraquedas com asas e com uma espada de fogo. "Asas abertas simbolizam o ataque vindo do céu e o São Miguel Arcanjo. Por todo o mundo este santo é conhecido como o protetor das tropas em geral e dos paraquedistas em particular. Nos países da Europa, os paraquedistas consideram o arcanjo São Miguel como seu protetor", foi assim que o ministério ucraniano explicou as medidas inovadoras.
É interessante notar que os próprios paraquedistas da Ucrânia não tenham recebido a ideia das inovações com entusiasmo especial. O portal Strana.ua citou as reclamações de um soldado ucraniano: "Não há aquecimento nos quarteis, as janelas estão quebradas, os telhados estão estragados. Mas eles apenas pensam que cor inventar para as boinas em vez do azul". Da mesma forma reagiram muitos colegas seus, considerando a "decomunização" de suas boinas como uma idiotice, uma "forma de macaquear" e uma tentativa de desviar a atenção do público dos problemas nas Forças Armadas da Ucrânia.
Quanto a problemas, eles têm muitos, apesar das reformas que estão em curso há 3 anos. Há pouco, o procurador-geral militar do país, Anatoly Matios, publicou nas redes sociais fotografias do almoço de uma cantina militar "temperado" com baratas e vermes. Além disso, o próprio procurador-geral confirmou as informações que, desde 2014, as perdas sem ser em combate nas Forças Armadas ucranianas foram de 3.700 militares.
"Os motivos são os mais diversos. Isto acontece quando as pessoas morrem devido a doenças, ou por não terem cumprido as medidas de segurança. Infelizmente, há casos em que os soldados abusam do álcool", comentou a estatística o ministro da Defesa, Stepan Poltorak.
O padrão desejado
Lutando contra a "pesada herança comunista", os chefes militares ucranianos foram além das boinas.
Em julho de 2016, o presidente do país, Pyotr Poroshenko, aprovou a lei que retira das platinas militares as estrelas de cinco pontas, introduzindo em vez deles cruzes que se parecem com as da Wehrmacht. A bem dizer, não parece ser uma decisão consequente, já que militares norte-americanos, franceses, italianos e outros também usam estrelas. Somente Stepan Poltorak anda com os novos símbolos, já que a maior parte do seu exército ainda usa estrelas devido à falta de dinheiro para um reequipamento em grande escala.
Ao país falta também dinheiro para o reequipamento das Forças Armadas da Ucrânia de acordo com os padrões da OTAN, o que tem sido o sonho e a meta principal de todos os ministros da Defesa ucranianos nos últimos 20-25 anos. O plano de reformas para reequipamento das Forças Armadas da Ucrânia de acordo com os padrões da OTAN foi aprovado em 2015. Mas, como os próprios militares ucranianos confessam, o processo está quase parado.
Pois, acontece que o material bélico soviético "obsoleto" não permite que a Ucrânia irrompa triunfalmente na OTAN. Vale ressaltar que, na segunda metade do século passado, apenas a República Socialista Soviética da Ucrânia, em termos de seu potencial, poderia facilmente "fazer calar" qualquer país europeu da Aliança.
No caso de uma terceira guerra mundial, era a Ucrânia que deveria repelir o primeiro ataque inimigo. A liderança do país sabia isso e sempre enviou à República Socialista Soviética da Ucrânia os melhores oficiais, o material bélico mais avançado e equipamento de grande qualidade.
Contudo, durante os anos de independência a Ucrânia desperdiçou a maior parte de seu potencial militar, gastando hoje em dia um monte de dinheiro para reequipar seus soldados com a nova munição de 5,56 mm. Embora o país ainda possua fuzis AK-47 que chegariam para mais dez guerras mundiais.
O mais importante é que tudo não seja como na Rússia.