As observações, recolhidas com ajuda do ISHELL, espectrógrafo de elevada resolução, instalado recentemente no telescópio de infravermelhos da NASA (Infrared Telescope Facility, IRTF, em inglês) no Havaí, mostraram o que ninguém tinha esperado ver.
O cometa contém tão pouco monóxido de carbono que os cientistas o consideraram esgotado. O monóxido de carbono se evapora e é expelido do núcleo para a fina atmosfera do cometa, sendo posteriormente perdido no espaço quando o corpo celeste é aquecido pelo Sol. Para um cometa que passou muitas vezes por estrelas, perder monóxido de carbono é uma coisa comum.
No entanto, além do monóxido de carbono, um cometa médio também perde metano, que se encontra no seu núcleo gelado. Isto é, um cometa com baixo nível de monóxido de carbono deve também ter um baixo nível de metano.
Mas não é o caso do 45P. Pelo contrário, os cientistas descobriram que este é muito rico em metano, algo sem precedentes.
O metano, uma das substâncias orgânicas mais potentes, é fundamental na formação de moléculas orgânicas simples como o açúcar ou os aminoácidos. Alguns investigadores acreditam que foram os cometas que "fizeram chegar a faísca bioquímica que iniciou a vida na Terra", segundo a Newsline.
"Este estudo é revolucionário", disse Faith Vilas, diretora do programa de pesquisas solares e planetárias da Fundação Nacional da Ciência. "Isso amplia nosso conhecimento sobre a mistura de espécies moleculares coexistindo nos núcleos da família de cometas Júpiter e a diferença que existe após muitas viagens ao redor do Sol".
A equipe de cientistas pretende agora determinar o quão comuns são tais cometas. Ajudará este estudo a provar a antiga teoria de que a vida na Terra teria sido iniciada após o impacto de um cometa?