Ultimamente, a Rússia tem sido acusada de vários "crimes", desde intervenção nas eleições presidenciais nos EUA até a situação na Catalunha, sem contar na "minagem" da estabilidade nos Bálcãs. Na opinião de Konstantin Kosachev, trata-se da estratégia para conter a Rússia, que tenta resistir ao modelo de mundo unipolar, imposto por Washington e seus aliados. Ao invés de resolver problemas globais da atualidade, o modelo unipolar cria ainda mais complicações como, por exemplo, as situações no Iraque e na Síria, acredita o senador.
Quanto ao período acima citado, ele relembrou um fato histórico curioso – a criação norte-americana da base militar Camp Bondsteel no Kosovo.
"A decisão de criar a base foi tomada no fim de 1999, muito antes da declaração de independência do Kosovo. Ou seja, percebe-se uma clara ocupação de uma parte integrante da então República da Iugoslávia", comentou.
A Rússia, por sua vez, sempre se esforçou para normalizar a situação nesta região, achando que a independência do Kosovo contradiz a lei internacional. Por isso, avança o senador, as tentativas de acusar Moscou da desestabilidade nos Bálcãs não correspondem à realidade.
O que pode afetar a Sérvia é a política realizada pelos EUA, que aprovaram um orçamento militar recordista, o que ameaça a segurança global e afeta interesses de outros países, inclusive do país balcânico, que continua tentando encontrar uma balança entre o Ocidente e o Oriente, notou.
O secretário-geral da OTAN recentemente afirmou que a Aliança respeita a neutralidade militar da Sérvia, mas, segundo Kosachev, é preciso aceitar tais declarações com cautela.
"A Sérvia precisa decidir por si só se deve confiar ou não na OTAN. Quanto a nós, há muito tomamos a decisão de não confiar na OTAN", disse o senador, lembrando as promessas da Aliança de não se expandir ao leste, nem de instalar suas tropas na fronteira com a Rússia – promessas que não foram cumpridas.
Explicando as razões de acusações mais diversas contra a Rússia, o senador opinou que estas são na verdade "pretensões de azarados" que tiveram má sorte em sua própria política.
"O sistema norte-americano não conseguiu prever a chegada de Trump ao poder – a culpa é da Rússia. Madri não conseguiu chegar a um acordo com Barcelona sobre coexistência dentro de um Estado – a culpa é da Rússia. A política externa norte-americana não conseguiu resolver a crise coreana e o problema sírio – a culpa é da Rússia", disse ironicamente.
O mesmo, acredita, acontece com a Ucrânia e a Crimeia – 25 anos depois do colapso da URSS, a Crimeia não provocou nenhuma divergência entre a Rússia e a Ucrânia. Mas depois Kiev decidiu que se aceitar o caráter específico da região, provocaria movimentos separatistas. Aconteceu muito pelo contrário: ao se esquecer da Crimeia, a Ucrânia fez com que seu povo quisesse se reunir à Rússia, opinou Kosachev.