Realizada com 2.999 entrevistados em fins de setembro, dos quais 57% homens e 43% mulheres com idade média de 33 anos e 59% com nível superior completo ou não, o levantamento agrupou 12 temas: social, educação, tecnologia, mercado de trabalho, saúde, meio ambiente, família, política, segurança, economia, meios de comunicação e alimentação. Sete desses grupos receberam avaliações mais negativas do que positivas.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o coordenador da pesquisa, Rafael Urbano, explica que a enquete foi feita com a preocupação de não direcionar o questionário. A grande surpresa, segundo ele, foi a qualidade das respostas. O coordenador admite que o cenário conturbado na economia e na política vivido pelos Brasil nos últimos meses pode ter influenciado nessa percepção mais negativa da realidade, mas sem comprometer os resultados finais da enquete.
"As pessoas estão muito preocupadas na questão da alimentação, de trabalho e nas relações sociais. Tiramos uma fotografia do que realmente está acontecendo nesse momento. Se formos ver a questão da segurança, da política e da economia, as respostas vieram com um peso negativo maior. O interessante vai ser medir isso no próximo ano e adiante."
Urbano explica que como a Vagas.com é uma empresa de soluções tecnológicas, a ideia da pesquisa surgiu dos debates internas dentro da própria empresa que discute sempre cenários futuros em vários setores da sociedade a partir dos avanços tecnológicos. O objetivo da pesquisa foi justamente extrair tendências e visões que as pessoas têm em relação ao futuro.
"A tecnologia é muito mencionada e tem referências muito positivas, mas em contrapartida eles mencionam que as pessoas vão ser muito mais dependentes das tecnologias e que as máquinas vão dominar cada vez mais os meios de processo, com o consequente aumento do desemprego e trabalhos mais escassos", diz Urbano.
A pesquisa apontou ainda os avanços da tecnologia como um dos itens mais mencionados de forma positiva pelos entrevistados, diante do surgimento de novos tipos de tratamento e medicação. Por outro lado, também foi mencionada uma grande preocupação com a decadência do sistema de atendimento e os custos crescentes, que tendem a beneficiar cada vez menos pessoas.
"A preocupação da população é o reflexo que acontece no sistema público de saúde. Cada vez mais temos uma acessibilidade pior e, se a gente não for mudar, lá na frente vai ser pior ainda. A visão que os entrevistados trazem é de médio prazo. Esse é um ponto que exige nossa reflexão."
Outro ponto que chama a atenção na pesquisa foi a preocupação revelada pelos entrevistados com relação ao individualismo nas relações sociais e o aumento da intolerância. Urbano confirma que esse aspecto foi citado de forma expressiva na pesquisa.
"O individualismo aumenta por causa da tecnologia. Hoje, as pessoas ficam mais no celular do que mais do que com uma pessoa que está ao lado. A tecnologia permite que eu possa me expressar e me colocar em diversas mídias. Será que essa intolerância sempre existiu e agora ela só fica mais aflorada por causa da tecnologia?" questiona o coordenador.