Foi o que afirmou o vice-ministro russo de Relações Exteriores, Igor Morgulov, o principal negociador da Rússia no programa de armas nucleares da Coreia do Norte, no encontro com Lee Do-hoon, representante especial para paz e segurança da Península da Coreia no Ministério de Relações Exteriores sul-coreano.
"Estamos prontos para uma cooperação estreita com a Coreia do Sul com o objetivo de conseguir uma resolução pacífica de questões gerais na região. A Coreia do Sul está contribuindo para o desenvolvimento da segurança na Península da Coreia", disse Morgulov, citado pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A participação maior de Moscou nas discussões em torno das provocações de Pyongyang sempre foi um dos objetivos do presidente sul-coreano Moon Jae-in. De acordo com Lee, "a Rússia tem sido o parceiro de longo prazo da Coreia do Sul em esforços para resolver a questão nuclear norte-coreana".
"Eu acho que essa reunião é muito oportuna, ocorrendo em um momento como hoje, quando os problemas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte estão se tornando cada vez mais sérios", destacou o dirigente sul-coreano. Assim como Estados Unidos e China, Rússia e Coreia do Sul pregam a desnuclearização da península, o que Pyongyang não aceita.
Sabe-se que o líder norte-coreano Kim Jong-un não está satisfeito com a postura de Pequim e Moscou, seus dois principais aliados históricos, que também implementaram sanções segundo a resolução mais recente do Conselho de Segurança da ONU. De acordo com Morgulov, o Kremlin está engajado em trazer Kim para a mesa de negociações.
Contudo, o vice-ministro russo destacou não acreditar que a resposta para a crise venha por meio de sanções. Para ele, a proposta de China e Rússia, que conta com pelo menos três passos a serem tomados, seria bem mais eficaz para demover a Coreia do Norte de se tornar uma potência nuclear.
"Através de sanções ou pressão podemos não conseguir o efeito de levar a Coreia do Norte à mesa de negociações. Quanto mais fortes forem as sanções e a pressão sobre a Coreia do Norte, maior será o dano aos norte-coreanos normais", afirmou Morgulov, que ressaltou que as discussões multilaterais, em qualquer lugar e sem exigências da Rússia, deveriam ser consideradas para uma solução.
De acordo com a proposta já exposta por Moscou e Pequim, o primeiro passo seria que EUA e Coreia do Sul suspendessem os seus exercícios militares conjuntos, ao mesmo tempo que Pyongyang congelaria o seu programa nuclear – daí o nome “duplo congelamento” da proposta. Em seguida, se buscaria estabelecer linhas diretas de Pyongyang com Washington e Seul. Em um terceiro estágio, teriam início as negociações multilaterais.
Entretanto, até o momento Washington e Seul não aceitam nem mesmo a primeira etapa da proposta, algo que para Pyongyang é fundamental para qualquer ideia de criar uma linha de diálogo com os países considerados inimigos.