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‘Hipótese de Luciano Huck disputar presidência revela quadro de anomalia política do país’

© Wilson Dias/Agência BrasilDesistência de Luciano Huck em disputar eleição em 2018 pode abrir espaço para novos outsiders
Desistência de Luciano Huck em disputar eleição em 2018 pode abrir espaço para novos outsiders - Sputnik Brasil
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"A hipótese de o apresentador de TV Luciano Huck disputar a presidência da República nas eleições de 2018 revela o quadro de anomalia que vive o país." A análise é de Nilson Melo, sócio-diretor da Consultoria Meta e Comunicação, especializada em análises políticas, e que falou com exclusividade à Sputnik Brasil.

Após semanas de suspense, quando o nome do apresentador do programa "Caldeirão do Huck", da TV Globo, passou a ser citado com frequência entre os nomes  preferidos nas pesquisas eleitorais, Huck oficializou sua desistência, no fim de semana. Pressões de familiares e amigos, segundo fontes próximas, contribuíram para que o empresário desistisse da candidatura. Huck vinha sendo assediado por vários partidos, entre eles o PPS, de tendência esquerdista, que cogitou até mudar o nome da sigla caso Huck se filiasse à agremiação.

Para Nilson Melo, é preciso entender os motivos que levam a qualquer pré-candidatura de um outsider no quadro atual da cena política brasileira, não só de Huck, como de nomes como o do juiz Sérgio Moro, titular da 5ª Vara Federal de Curitiba e um dos principais nomes da Operação Lava Jato, assim como o do ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

"A gente tem que perceber essas candidaturas como uma anomalia política. Elas advêm da grande rejeição que a população tem hoje da classe política. Com a saída do Luciano Huck, quem mais se beneficia no atual contexto seriam os candidatos de centro-direita. Coloco em primeiro lugar o governador (Geraldo) Alckmin (PSDB-SP)", diz Melo.

Para o analista, embora o sistema político esteja contaminado e com um sério déficit de representatividade, a figura do outsider traz sempre uma expectativa que pode não ser cumprida, gerando outras distorções no processo político. 

O juiz federal Sérgio Moro e o apresentador Luciano Huck participam da cerimônia comemorativa ao Dia do Exército, no Quartel-General do Exército (foto de arquivo). - Sputnik Brasil
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"A política se faz pelos partidos, embora hoje a gente tenha problemas sérios com as agremiações políticas brasileiras. Não vejo com bons olhos essas candidaturas de salvadores da pátria, assim como também não me agradam muito as candidaturas de salvadores da pátria que já têm partidos. Você não pode colocar o país e todo o seu futuro numa pessoa. É um risco muito grande. Democracia não é isso, é discussão, debate, confronto de ideias, respeito às minorias. Dá trabalho”, diz, ressaltando que a desistência do empresário foi louvável para o processo político. 

Melo diz que muitas vezes os salvadores da pátria surgem da criação de partidos de aluguel apenas para essa finalidade. Ele cita a eleição de Fernando Collor de Mello em 1989 nas primeiras eleições diretas após a ditadura militar. Collor foi eleito pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN) tomou posse em 1990 e renunciou em 1992, após ter lançado o país em uma grave crise político-econômica com um plano econômico destinado a combater a inflação e que acabou por confiscar a poupança de milhões de brasileiros.

Melo finaliza dizendo que o Brasil está no meio de um longo processo de depuração política e que vai ser necessário ainda um longo tempo para que as coisas voltem ao normal. 

"A classe política brasileira é um espelho da sociedade que a gente tem, e só vamos conseguir melhorar essa classe política no momento em que conseguirmos melhorar a sociedade. Temos um longo caminho a percorrer no processo de melhoria de distribuição de renda e, principalmente, de educação, para que a população e o eleitor não fiquem mais reféns do salvador da pátria, seja ele integrante de uma agremiação nova ou velha ou de um postulante independente como se quer fazer agora", finaliza o diretor da Consultoria Meta e Comunicação.

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