Uma pesquisa reveladora do Pew Research Center, intitulada População Muçulmana Crescente da Europa, analisou o futuro dos 25,8 milhões de muçulmanos que atualmente residem em países europeus. Citando uma ampla gama de dados, é uma tentativa de ver como o tamanho da população muçulmana da Europa pode mudar nas próximas décadas, dependendo dos níveis de migração.
Os três cenários – zero, moderado e alto – considerados pelos pesquisadores produziram um resultado surpreendente: o número de muçulmanos na Europa aumentará independente do ritmo de migração, já que eles são mais jovens e "têm maior fertilidade (um filho mais por mulher, em média) do que outros europeus, refletindo um padrão global".
These four maps show estimated Muslim populations in Europe in 2016, and projections for 2050 in zero migration, medium migration and high migration scenarios: https://t.co/52uWlFfSJh pic.twitter.com/mcDbWjuB5d
— Pew Research Religion (@PewReligion) 29 de novembro de 2017
Sob um primeiro cenário de "migração zero", a população muçulmana da Europa ainda deveria aumentar do nível atual de 4,9% para 7,4% (cerca de 36 milhões) até 2050, mesmo "se toda a migração para a Europa fosse imediatamente paralisada de forma permanente".
Um segundo cenário de migração "médio" pressupõe que os fluxos de refugiados parariam, mas os migrantes "regulares" continuam chegando por outras razões que não sejam guerras, fugas e instabilidade. Nessas condições, os muçulmanos podem representar 11,2% (59 milhões) da população da Europa em 2050.
Um terceiro cenário de migração "alta", no qual o forte influxo de migrantes predominantemente muçulmanos registrados entre 2014 e 2016 continua indefinidamente, pinta um quadro muito mais pessimista. Neste caso, os muçulmanos poderiam representar 14% (75 milhões) da população da Europa até 2050 – quase o triplo do número atual.
Europe’s Muslim population is expected to grow in all three of the migration scenarios we modeled, while Europe’s non-Muslims are projected to decline in total number in each scenario https://t.co/iCiAB6ItXd pic.twitter.com/ZNK10XPvHL
— Pew Research Center (@pewresearch) 30 de novembro de 2017
Caso isso aconteça, vários grandes países europeus devem suportar a maior parte do fardo. Na Suécia, cerca de um terço da população (4,5 milhões, ou 30%) seria muçulmana, enquanto na Áustria e na Alemanha os muçulmanos representariam até 19% da população.
Além disso, se a alta migração continuar até 2050, a participação muçulmana da Grã-Bretanha crescerá para 17,2%, da Finlândia para 15% e da Noruega para 17%.
From mid-2010 to mid-2016 alone, the share of Muslims in Europe rose more than 1 percentage point, from 3.8% to 4.9% (from 19.5M to 25.8M). By 2050, the share of the continent’s population that is Muslim could more than double, rising to 11.2% or more. https://t.co/bfMHf8B798 pic.twitter.com/JVy3j0tkde
— Pew Research Fact Tank (@FactTank) 29 de novembro de 2017
"Enquanto a população muçulmana da Europa deverá crescer nos três cenários – e mais do que o dobro nos cenários de migração média e alta – os não-muçulmanos da Europa, por outro lado, deverão diminuir em número total em cada cenário", diz o relatório.
Difíceis previsões
Curiosamente, os pesquisadores observaram que, embora a população muçulmana da Europa seja diversificada, compreendendo muçulmanos nascidos na Europa e em países não europeus, sua auto-identificação ainda desempenha um papel. "Os níveis de compromisso e crença religiosos variam entre as populações muçulmanas da Europa", afirma a pesquisa.
Enquanto alguns desses muçulmanos "não descreveriam a identidade muçulmana como salientes em suas vidas cotidianas", para outros, a identidade islâmica "molda profundamente suas vidas diárias". Entretanto, "nem todos os filhos nascidos de mulheres muçulmanas se identificam como muçulmanos, mas as crianças geralmente são mais propensas a adotar a identidade religiosa de seus pais do que qualquer outra".
Os pesquisadores disseram que era difícil – se não impossível – prever os futuros níveis de migração. "Embora nenhum desses cenários se desempenhe exatamente como projetado, cada um fornece um conjunto de parâmetros difíceis a partir dos quais imaginar outros possíveis resultados", acrescentou o estudo.
Houve um forte afluxo de migrantes para a Europa nos últimos dois anos, com a Alemanha e as nações da Europa Central sendo as mais afetadas, juntamente com pontos de chegada como a Itália e a Grécia.
A crise deu força à extrema direita que se beneficia dos medos populares da migração em massa. Com o objetivo de conter o fluxo de migrantes, a União Europeia (UE) empreendeu uma grande mudança de política, introduzindo controles de fronteira mais rígidos e critérios de elegibilidade mais restritos para os recém-chegados.
Pesquisas anteriores sugeriram que a maioria dos europeus desconfia da imigração muçulmana. Em agosto deste ano, a Fundação Bertelsmann da Alemanha descobriu que um quinto dos cidadãos europeus não quer muçulmanos como vizinhos.
Já um estudo de fevereiro do grupo de pesquisa Chatham House, com sede no Reino Unido, revelou que uma média de 55% das pessoas em 10 países europeus "concordou que todas as novas migrações de países principalmente muçulmanos deveriam ser interrompidas".