"Os primeiros transplantes duraram dias ou meses, talvez um ano ou dois. Agora estamos falando de sobrevivência de 50% do coração transplantado que dura entre 17 e 20 anos. Até o momento, o transplante mais duradouro é de 36 anos", declarou à Sputnik Mundo Dimpna Albert, cardiologista pediátrica e coordenadora médica de transplante no Hospital Materno-Infantil Vall d'Hebron de Barcelona.
Tal número mostra o grande avanço que tem sido atingido nas últimas cinco décadas.
Além disso, a criação de novos remédios permitiu controlar infecções e, assim, aumentar a sobrevivência do coração transplantado e torná-lo uma opção mais viável.
Atualmente, os avanços na medicina permitem melhorar a qualidade de vida daqueles que estão na lista de espera para receber um transplante. Além disso, agora vários órgãos podem ser reproduzidos por impressão 3D. No entanto, uma substituição possível, segundo indica a médica, no caso do coração "está muito longe".
Hoje existem alguns dispositivos mecânicos, por exemplo, SynCardia, conhecidos como "corações artificiais" que podem ser utilizados durante períodos curtos, quando pacientes estão a espera de um novo órgão. Mas eles "estão muito longe da realidade" quanto à sua durabilidade, opina a especialista.
"Podemos usar o coração artificial por algum tempo porque não há doador", acrescentando que até o momento os cientistas não sabem como imitar o funcionamento do coração.
A criação de novos órgãos do coração não foi alcançada, porque não é somente um músculo e uma bolsa, os médicos têm que sincronizar o músculo com batimentos cardíacos e ritmo, explica.
No entanto, no Uruguai, no caso das crianças isso não é o mesmo, explicou Canessa, por esta razão há organizações que estão trabalhando para que a lei funcione da mesma maneira que com os adultos. Casos neste país e na Argentina provocaram alerta sobre o tema.
"É um tema de conscientização porque todo mundo está disposto a receber coração, mas nem todos estão prontos para doá-lo. É um órgão que deve ser retirado quando está batendo", destaca o especialista.
Finalmente o médico confessou que "isso [doar seu coração] tem implicações filosóficas e éticas", e ao mesmo tempo acrescentando que "é muito respeitável que as pessoas pensem diferente [daquelas que não estão prontas para doar seu coração]".