Não é por acaso que nos tempos da URSS a Crimeia se chamava de "zdravnitsa" nacional, uma palavra derivada de "saúde" em russo. Hoje em dia, apesar de terem ficado abaladas no período do pós-colapso soviético e na época de transição, estas instituições ganham cada vez mais potencial.
Uma destas entidades é o Sanatório Militar Pirogov, pertencente ao Ministério da Defesa da Rússia, que hoje em dia recebeu o privilégio de virar um projeto padrão para toda a península. Para isso, tem que corresponder a todos os regulamentos apresentados pelas autoridades russas após a reunificação, bem como passar por certificações com participação de especialistas ocidentais. Caso tenha sucesso nisso, vai servir como exemplo para todos os sanatórios desse tipo.
"Desde 2016, no nosso sanatório está implantado um sistema integrado de monitorização da qualidade. […] Fomos escolhidos como um projeto piloto para corresponder aos padrões ISO 9000 e ISO 9001", revelou aos jornalistas Marina Trotsenko, chefe do Departamento de Qualidade do Sanatório Militar Pirogov.
A instituição, localizada na cidade crimeana de Saki, foi fundada ainda na época do Império Russo, em 1837, como hospital militar para oficiais e patentes militares subalternas. Já no período da Guerra da Crimeia, entre 1853 e 1856, o eminente cirurgião russo, Nikolai Pirogov, cujo nome o sanatório recebeu mais tarde, começou a usar a lama terapêutica de Saki pela primeira vez para tratar os feridos no conflito militar.
Já nos tempos dos bolcheviques, o hospital foi inclusive utilizado para ajudar os soldados do Exército Vermelho afetados pelo longo e sangrento conflito interminável, a Guerra Civil, que finalizou a implantação do poder comunista em todas as regiões russas.
Todavia, como muitos outros locais de grande importância no país, o hospital foi completamente assaltado e destruído pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Contudo, a resiliência e trabalho árduo dos construtores da URSS fizeram com que o sanatório fosse reaberto já em 1944, na época da contraofensiva soviética, e começasse a reabilitar os primeiros grupos de militares.
Outro marco importantíssimo na trajetória do sanatório foi a Guerra do Afeganistão. Na época, mais de 8 mil soldados soviéticos que tinham sofrido algum tipo de lesão cirúrgica em combate receberam tratamento médico e reabilitação psicológica adequados. Para estes fins, foi inaugurado o Centro de Tratamento de Reabilitação, que continua funcionando até hoje, inclusive para os soldados que voltam à Pátria das frentes de combate na Síria.
"Devido à longa ausência do seu país, grupos de aviadores e marinheiros, especialmente o pessoal dos submarinos, sofrem sobrecargas emocionais colossais […] A grande responsabilidade, as missões de combate — tudo isso são razões pelas quais os militares necessitam de uma reabilitação de caráter psicoemocional. Entretanto, uma pessoa também tem corpo, por isso necessita de tais procedimentos", afirmou aos jornalistas Tatiana Kudryavskaya, a chefe interina do Departamento Médico do sanatório.
Hoje em dia, o sanatório tem as portas abertas para todos — desde jovens famílias com filhos até pessoas idosas e as que cumprem serviço militar. Deste modo, a instituição dispõe de todo um leque de serviços, tanto médicos e de diagnóstico, quanto cosméticos: desde ultrassom e radiografia até spa, terapia de relaxamento mental e balneoterapia.