Reação disseminada
O piloto coloca o bombardeiro pesado na trajetória de combate e ativa o sistema automatizado de pontaria. O dispositivo irá calcular com precisão de centésimas de segundo o momento certo e largará várias cápsulas de aço, cada uma contendo centenas de esferas com explosivo. Elas vão explodir simultaneamente a vários metros do solo por cima da infantaria que não suspeita nada.
A própria convenção é um documento contraditório, cheio de emendas e reservas. De acordo com ele, uma bomba de fragmentação é uma munição convencional destinada a espalhar ou libertar submunições explosivas com peso menor que 20 quilos cada uma. Tal arma se caracteriza como mortal para a população civil por causa das vastas áreas que alcança.
Além disso, se nota que os elementos das bombas de fragmentação que não explodirem podem ficar na terra representando uma ameaça para civis. A convenção obriga todos os países participantes a destruírem as reservas de tais bombas durante os oito anos seguintes à obtenção do estatuto de signatário.
"Estou 100% certo que se algum dos signatários enfrentar uma guerra séria e se estiver ameaçada a soberania do país, eles vão logo colocar estas munições na cadeia de produção", disse à Sputnik o editor-chefe da revista Arsenal Otechestva ("Arsenal da Pátria" em russo), coronel Viktor Murakhovsky. "Só é possível lutar pelo humanismo e tolerância e concluir tais acordos no caso de você viver numa Europa Ocidental bem-sucedida e não se chamar Iugoslávia".
É interessante notar que a convenção não aborda as munições ou bombas com alguns tipos de submunições, inclusive as autoguiadas e outras de alta tecnologia que os EUA também possuem. Este fato pode ser explicado por um "menor perigo humanitário". Tal abordagem seletiva levantou questões sérias por parte do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que declarou que a Rússia não pode rejeitar o uso de bombas de fragmentação, especialmente nestas condições estranhas.
Há insubstituíveis
"É sempre necessário ter como fundamento as munições convencionais que já há muito que provaram sua eficácia. Os militares russos na Síria, na ausência de sistemas de defesa antiaérea do inimigo e com domínio aéreo absoluto, cumpriram ao menos 50% das missões de combate com ajuda da artilharia. Entretanto, a aviação utiliza sobretudo munições não guiadas", diz Murakhovsky.
Por exemplo, tais munições podem ser usadas pela maioria dos lançadores múltiplos de foguetes do exército russo, sistemas tático-operativos Tochka-U e Iskander, tal como pela artilharia de calibre 152 e 203 milímetros. As armas de fragmentação permitem cumprir muitas tarefas, incluindo a colocação de minas à distância e a luta contra material blindado e infantaria do inimigo. Para as descartar, é preciso ter no mínimo uma substituição equivalente, o que não se prevê no futuro mais próximo.
Mata mais barato
"Na altura, os EUA se focaram nas munições de pequena dimensão e de pequeno calibre que deveriam ser usadas na luta contra material blindado e veículos automóveis", notou Murakhovsky, adicionando que depois os EUA passaram às munições muito pequenas para os drones, cujo peso era de até 2,5 quilos. Para a pontaria remota era usado um raio laser ou uma ogiva autoguiada. Depois surgiram os chamados "drones kamikaze".
No Afeganistão, o Pentágono usou muito no início os drones de ataque MQ-1 Predator e MQ-9 Reaper, assim como meios de alta precisão e pequeno calibre. Mas, ao perceber rapidamente que bombardear carros baratos de jihadistas com armas caras não era nada vantajoso, ele começou usando as habituais bombas aéreas incendiárias e a artilharia rebocada de 155 milímetros, caso contrário, seria "como pregar pregos com um microscópio", resumiu Murakhovsky.