Para que Rússia necessita de aviões de aterrissagem e decolagem vertical?

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Ultimamente, a Rússia tem demonstrado interesse em recomeçar a fabricação de aviões de aterrissagem e decolagem vertical (VTOL, sigla em inglês). Em particular, recentemente o vice-ministro da Defesa, Yuri Borisov, revelou os planos para produzir este tipo de aviões.

Neste artigo a Sputnik explicará para que a Rússia precisa de aparelhos deste tipo e as questões que levanta o seu desenvolvimento.

Experiência soviética

O avião VTOL soviético mais popular era o Yak-38, adotado em serviço em 1977. O aparelho tinha uma reputação controversa entre os aviadores: de 231 aviões construídos no total, 49 deles caíram devido a acidentes e incidentes aeronáuticos.

A elevada percentagem de acidentes fez com que o número de voos de treinamento fosse reduzido e o tempo de voo que tinham os pilotos dos Yak-38 não superava 40 horas por ano. Como resultado, na aviação naval da URSS não havia nenhum piloto de primeira classe e somente alguns tinham a segunda classe de qualificação.

As características de combate também eram duvidosas, já que devido à ausência de radar o avião não era capaz de realizar combates aéreos reais.

O uso do Yak-38 como avião de assalto também era pouco eficaz, já que seu raio de ação com decolagem vertical correspondia apenas a 195 quilômetros.

O Yak-141 mais avançado devia substituir a "criança difícil", contudo, após o colapso da União Soviética o desenvolvimento destes veículos aéreos perdeu interesse.

© Sputnik / Sergei SubbotinCaça Yak-41
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Pelos vistos, a experiência de elaboração e utilização de aviões VTOL na União Soviética não foi bem-sucedida. Porém, no momento a Rússia está novamente demonstrando interesse por estes aviões. Por quê?

Caráter naval

"Um aparelho destes seria importante não apenas para a Marinha, mas também para a Força Aeroespacial", explicou à Sputnik o especialista militar, capitão de mar e guerra Konstantin Sivkov.

"O maior problema da aviação moderna é que os caças a jato precisam de uma boa pista de decolagem e pouso, mas a quantidade destes aeródromos é muito pequena e eles são fáceis de destruir com um primeiro ataque. Quanto aos aviões VTOL, em condições de ameaça eles podem ser instalados até mesmo em clareiras florestais", assinalou ele.

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Entretanto, tal utilização "terrestre" de aviões VTOL não parece muito racional. Um dos principais problemas é que, com a decolagem vertical, o avião consome bastante combustível, o que por sua vez reduz seu raio de ação.

A Rússia é um país enorme, por isso, para obter supremacia aérea sua aviação de caça precisa ter "braços compridos".

"Em condições de infraestruturas parcialmente destruídas, os aviões podem cumprir missões de combate por conta de decolagem curta de aparelhos convencionais a partir de uma seção de pista menor que 500 metros", acredita o diretor executivo da agência Aviaport, Oleg Panteleev.

"Outra questão, é que a Rússia tem planos de construir uma frota de porta-aviões, onde a utilização de aviões VTOL seria mais racional. Não têm de ser necessariamente porta-aviões, podem ser cruzadores porta-aeronaves."

Contudo, para iniciar a construção deste tipo de aviões a Rússia não deve esperar até aparecerem novos navios portadores de aeronaves.

"Os aviões VTOL podem ser baseados não apenas em porta-aviões", explicou Panteleev, adicionando que as aeronaves podem utilizar plataformas instaladas em navios-tanque ou até fragatas.

Custos justificáveis

Ao mesmo tempo, é evidente que o desenvolvimento de um avião VTOL russo aparentemente vai requerer recursos enormes. Referindo-se ao exemplo norte-americano com o mesmo tipo de aviões F-35B e outros modelos com decolagem e aterrissagem vertical, vale destacar que, segundo estimativas, seu custo atingiu US$ 1,3 trilhões e de seu desenvolvimento participaram vários países.

© Foto / Lockheed MartinCaça F-35B
Caça F-35B - Sputnik Brasil
Caça F-35B

De acordo com especialistas, para o desenvolvimento bem-sucedido de um avião VTOL russo será necessário resolver várias questões, entre elas estão: a miniaturização da aviônica, a criação de uma nova geração de sistemas aéreos e a projeção de uma célula com características especiais. A indústria aeronáutica russa tem capacidade para as resolver.

A Rússia poderá iniciar a construção de porta-aviões no futuro próximo. De acordo com o Ministério da Defesa, para os anos 2025-2030 está agendado o assentamento da quilha do porta-aviões pesado do projeto 23000 Shtorm. Até lá, a Marinha russa planeja receber dois novos navios de desembarque universais Priboi capazes de portar aviões com VTOL.

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