Enquanto o Afeganistão ainda está mergulhado em uma guerra que já tirou a vida a milhares de pessoas, os cientistas estão se aproveitando das tecnologias militares usadas no país para detectar tesouros arqueológicos. O governo dos EUA entregou aos pesquisadores imagens capturadas nos desertos afegãos por satélites de inteligência e drones militares, além de dados de satélites comerciais, bem como dois milhões de dólares (cerca de R$ 9,9 milhões) para financiar o estudo do material.
Researchers are using images taken by commercial and US government satellites, and military drones to look for archaeological sites in areas of Afghanistan https://t.co/ciTi3SbHYW #archaeology pic.twitter.com/vlhUt19lBB
— Ticia Verveer (@ticiaverveer) 13 de dezembro de 2017
Os cientistas analisam esses sites arqueológicos a partir de seus escritórios seguros, longe do Afeganistão, pois é muito perigoso fazer pesquisas no próprio terreno devido à luta armada, explicou a revista Science.
Como resultado, foram encontrados milhares de vestígios arqueológicos incríveis, que às vezes se destacam apenas alguns centímetros acima do terreno ou estão completamente cobertos de areia. O estudo trouxe à luz civilizações perdidas que prosperaram ao longo da famosa Rota da Seda, mesmo em épocas que se acreditava que essa rota comercial lendária já não existia.
Images by satellites and drones bring new archaeological discoveries for #Afghanistan. Many areas in the country are not safe for groundwork. https://t.co/qggIQHXoMb pic.twitter.com/PDowgfovEs
— Wondermondo (@Wondermondo) 15 de dezembro de 2017
O estudo refuta a ideia comumente aceita que as civilizações espalhadas ao longo da Rota da Seda, entre a Ásia e a Europa, entraram em declínio nos séculos XV e XVI, depois de os navegadores portugueses terem aberto a rota marítima para a China e Índia. Entre as descobertas estão caravançarais gigantes, os precursores dos atuais "motéis", onde os comerciantes se hospedavam e que foram construídos desde épocas antes de Cristo e até o século XIX.
Outros sítios arqueológicos estão relacionados com vestígios do Império Parta, contemporâneo da Roma Antiga, e incluem um extenso sistema de canais usados durante um milhar de anos, a maioria dos quais agora estão "enterrados".
Talvez a descoberta mais marcante seja a coexistência incrível na zona de religiões muito diferentes. Em um dos vales, as imagens revelaram vestígios de estupas budistas, templos de fogo do zoroastrismo e santuários helenísticos.