Descoberto em 1999, com reservas acima da camada do pré-sal, o campo é o terceiro maior do Brasil, com produção de 280 mil barris de petróleo e gás (boe) por dia. Ele foi o maior do país até 2015, quando perdeu o posto para o campo de Lula, este no pré-sal. A cessão vai render à Petrobras US$ 2,9 bilhões.
Roncador, com área de 400 quilômetros quadrados, tem cerca de 10 bilhões de barris e uma expectativa de mais um bilhão de barris recuperáveis. Detalhe: não houve licitação para a cessão dos 25%, uma vez que a Petrobras considera a Statoil a empresa com melhor tecnologia na recuperação de jazidas em declínio. Com o repasse da participação em Roncador, a Petrobras já vendeu US$ 4,5 bilhões em ativos este ano, cifra ainda pequena, segundo analistas, frente à meta da empresa de arrecadar US$ 21 bilhões até o fim de 2018.
A Statoil é sócia da brasileira em 13 áreas de exploração e produção, sendo dez no Brasil e três no exterior. Com o acordo, a estatal norueguesa é hoje a terceira maior petrolífera no Brasil, onde já produz 40 mil barris de petróleo e gás no campo Peregrino, também na Bacia de Campos. Com a participação em Roncador, a Statoil elevará a produção a 100 mil barris diários, ficando atrás apenas da Petrobras (2,5 milhões de barris) e da Shell (103 mil). Além de petróleo, o acordo com a Petrobras também garante à norueguesa acesso ao terminal de Cabiúnas, em Macaé (RJ), considerado o maior ponto de acesso ao gás natural produzido nos campos marítimos.
Em entrevista à Sputnik Brasil, José Maria Rangel, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), diz que a venda da participação da Petrobras em Roncador para a Statoil é a continuidade do plano do governo federal de enfraquecer a indústria petrolífera brasileira. E ele explica o motivo:
"A Statoil é uma empresa que tem suas reservas em um acentuado declínio de produção e por isso sai mundo afora buscando novas oportunidades de adquirir reservas, e está encontrando um porto seguro aqui no nosso país. Ela já adquiriu da Petrobras o campo de Carcará (na Bacia de Santos, por US$ 2,5 bilhões), levando uma quantidade muito grande de barris a preço de banana e agora em Roncador, um dos melhores da Petrobras, além de ter acesso ao terminal de gás de Cabiúnas. Mesmo não tendo bola de cristal, a gente sabia que isso iria acontecer, porque um dos pilares do golpe era a entrega de nossas riquezas às multinacionais. Com essa doação que a Petrobras está fazendo no campo de Roncador, o barril está saindo a US$ 1", diz o dirigente.
O coordenador da FUP afirma que as petrolíferas em todo o mundo estão correndo atrás de reservas desse mercado, ainda amplamente dominadas por governos, como é o caso da Total (francesa), BP (britânica), Aramco (árabe), PdVSA (venezuelana), entre outras. Rangel diz que, com a descoberta do pré-sal, os olhos do mundo se voltaram para o Brasil. Ele chama a atenção para o fato de que a Noruega criou uma política de conteúdo local, consolidou as empresas norueguesas como grandes marcas no setor e já em 1992, como tudo consolidado, o país começou a se posicionar mundialmente contra a reserva de mercado.
"Ela (Statoil) vai construir agora duas plataformas para operar no campo de Pelegrino. Com a aprovação da Medida Provisória 795 (Repetro), que isenta de tributação qualquer importação de equipamentos, ela vai gerar emprego, renda e engenharia lá fora e vai trazer a plataforma toda pronta para cá, e nós vamos ficar chupando o dedo. Esse movimento que a Statoil está fazendo vai continuar com as bençãos do senhor Pedro Parente (presidente da Petrobras) e os aplausos do mercado financeiro", dispara o coordenador da FUP.