"Há inúmeras plantas híbridas, mas entre os animais vertebrados os híbridos são muito raros", afirmou Jason Weir, especialista da universidade de Toronto.
A raridade dos híbridos se deve ao fato de serem estéreis e não poderem se multiplicar, o que não os permite a criar uma espécie separada, mesmo que tenham vantagens perante ambas as espécies parentais. Entre as exceções desta regra estão o golfinho-clímene, bisão-europeu (híbrido do bisão-das-planícies e ancestrais de vacas) e o cão-selvagem-asiático (descendentes de coiotes e lobos).
Weir e seus colegas acreditam ter descoberto o primeiro híbrido de aves. Durante expedições à Amazônia, eles estudaram laços parentais de pipras, aves tropicais sul-americanas. Após analisar o DNA das aves, cientistas descobriram a origem extraordinária da subespécie Lepidothrix vilasboasi (dançador-de-coroa-dourada).
Os resultados da pesquisa mostraram que o DNA desta subespécie é constituído por duas partes diferentes: 20% do uirapuru-de-chapéu-branco (Lepidothrix nattereri) e 80% do cabeça-de-prata (Lepidothrix iris). Segundo a análise, a subespécie surgiu recentemente — cerca de 180 mil anos atrás.
O processo de hibridização fez com que a estrutura da plumagem dos machos da ave se mudasse, tornando-se muito pálida. Por essa razão, com a evolução, representantes do Lepidothrix vilasboasi, desenvolveram uma plumagem amarela vívida, que atrai as fêmeas. Essa mudança, segundo Jason Weir, é a razão pela qual as aves se tornaram uma espécie separada e não uma variante de seus ancestrais.