Em entrevista à Sputnik Brasil, Porto Gonçalves analisa a queda-de-braço que vem sendo travada entre o Ministério da Fazenda e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) a respeito da substituição do Inovar Auto pelo Rota 2030. O Inovar Auto termina no próximo dia 31 e deveria ser substituído pelo Rota 2030. As montadoras têm pressionado o governo por uma definição, alegando que vivem uma situação de indefinição contábil que prejudica toda a indústria.
O fato é que os técnicos da Fazenda não querem abrir mão do R$ 1,5 bilhão que seria concedido por ano às montadoras, com um quadro ainda de desequilíbrio nas contas públicas. Já os técnicos do Ministério da Indústria argumentam que a não renovação do programa vai prejudicar os investimentos das montadoras no país, o que pode se refletir até mesmo na geração e manutenção de empregos.
Vale lembrar que o Inovar Auto tem sido questionado pelas montadoras asiáticas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) sob a alegação que os subsídios dados no Brasil promovem uma concorrência desleal em termos de custos.
Porto Gonçalves diz que os programas de incentivo às montadoras fizeram sentido a partir de 2008, quando da crise mundial devido ao estouro da bolha dos subprimes (créditos hipotecários) nos Estados Unidos, o que levou o mundo à pior recessão desde os anos 30. Para o economista, o pleito do Ministério da Indústria e Comércio parece agora indevido.
"Se o governo pagar direto para a pessoa (trabalhador de montadora em caso de dispensa), vai pagar muito menos do que pagar via empresário. Dar dinheiro para desempregados via empresário é uma forma ineficiente de cunho social", diz Porto Gonçalves.