Na sequência da tentativa de um ataque com drones contra instalações militares russas na Síria, o Ministério da Defesa da Rússia avisou sobre perigo de utilização destes aparelhos em ataques terroristas.
O primeiro sangue
"Nos últimos anos, os drones […] têm sido utilizados com muita frequência", explicou à Sputnik o especialista em aviação não tripulada, Denis Fedutinov.
"O outro lado da moeda é que além de pessoas de boa vontade, também os terroristas podem desfrutar do progresso tecnológico. Já foram registrados casos de drones equipados com artefatos explosivos tanto artesanais, como industriais. Além disso, cresce a tendência de utilização de drones para fins criminosos", acrescentou o especialista.
Os drones de ataque surgiram como armamento de terroristas recentemente, entre 2015 e 2016. Os terroristas do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) utilizaram-nos ativamente no Iraque. Em sua maior parte, se tratou de quadricópteros "modernizados" para realizar ataques com bombas. Vale destacar que entre os terroristas o mais popular era o quadricóptero DJI Phantom.
"Em princípio, qualquer multicóptero de uso comum, capaz de transportar uma câmera, pode servir para realizar ataques […] Por exemplo, hoje em dia se encontram em venda livre multicópteros agrícolas destinados ao tratamento químico de campos. Este aparelho pode ser abastecido com sarin, por exemplo. Na Internet estão acessíveis vídeos mostrando artesãos implementando em multicópteros armas de fogo e atingindo alvos. Assim, há um vasto campo para ter ideias", afirmou à Sputnik o representante de um clube de aeromodelismo de Moscou, que pediu anonimato.
Mais alto, mais rápido e mais longe
Contudo, especialistas indicam que além de construir um drone, o que é possível em condições caseiras, é necessário equipá-lo com sistema de controle, sendo esta tarefa mais complicada. Além de utilizar GPS, é preciso usar uma estação de rádio profissional, bem como ter um especialista que saiba "voar" a distâncias longas utilizando câmeras.
Neste sentido, o Ministério da Defesa russo não descarta que os terroristas poderiam receber ajuda do exterior para a construção de drones. Contudo, vários analistas compartilham outra opinião.
"Aquilo que vimos na Síria não são drones verdadeiros, mas sim veículos aéreos construídos de ripas e espuma de poliestireno”, explicou à Sputnik Gleb Babintsev, especialista em sistemas aéreos autônomos. Neles foi instalado um piloto automático de protocolo aberto, que se pode comprar em qualquer lugar. Eu asseguro que qualquer aluno escolar poderia construir um igual", acrescentou ele.
Não há proteção nenhuma
O fato de nenhum dos drones ter atingido o alvo pode evidenciar que se trata de veículos artesanais. Existe a opinião de que o ataque foi atrapalhado por interferências nos sinais de GPS emitidas por militares russos. Após o incidente, muitos cidadãos da Rússia relataram problemas com a navegação por GPS.
ISIS is using PG-7 HEAT warheads for its air VBIED, its kill area must be relatively small but it can destroy a tank from the top pic.twitter.com/7nyTpaq5vn
— Yago Rodríguez (@MinsterTX) 10 de dezembro de 2016
O ataque contra a base russa na Síria revelou que os drones, independentemente da sua origem, são uma ameaça nas mãos de terroristas. De acordo com especialistas, a utilização em massa destes aparelhos é capaz de reverter o conceito moderno de combate ao terrorismo e condução da guerra.
"O perigo de utilização de drones em massa por terroristas é bem real", afirmou à Sputnik Mikhail Khodarenok, especialista militar.
Entretanto, por todo o mundo estão sendo realizados estudos de combate aos drones assassinos. Vale ressaltar que em algumas áreas o êxito é significante.