O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na terça-feira, durante uma viagem aos Estados Unidos que, se o governo não conseguir os 308 votos necessários até fevereiro, a Câmara não vai votar a proposta.
Já o vice-presidente da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG), que atualmente ocupa o cargo de presidente em exercício por conta da viagem de Maia, foi mais direto e admitiu nesta quarta-feira que a reforma pode ficar para 2019.
"É muito difícil [votar em fevereiro] pelas conversas que eu tenho tido, pelas informações que eu tenho tido. O governo está fazendo seu trabalho, vamos ver se o governo consegue avançar. Mas, hoje eu posso dizer a você que avançou muito pouco", disse Ramalho.
Ramalho afirmou que não houve nenhum aumento no número de votos conquistados pela base aliada do governo em favor da reforma. Até o fim do ano passado, lideranças partidárias estimavam que a base tinha em torno de 270 votos pela reforma e a proposta só é aprovada se tiver o apoio de pelo menos 308 deputados, em dois turnos de votação.
"O maior entrave é uma comunicação que não chegou certa às classes mais longínquas do Brasil. Essa comunicação não chegou como deveria chegar. E nós queremos uma reforma mais ampla, nós vamos fazer uma reforma agora para, no ano que vem, ter que fazer outra reforma? A gente tem que colocar isso para a população brasileira como um debate, para que no próximo ano a gente possa fazer uma reforma que a sociedade entenda e tenha discutido", afirmou.
As declarações foram feitas exatamente na semana seguinte do rebaixamento da nota do Brasil de "B" para "BB-" pela agência internacional de risco Standard&Poor's (S&P). O motivo principal da queda foi justamente a falta de agilidade em aprovar a Reforma da Previdência.