O que EUA e 'extremistas russos' têm a ver com assassinato de político sérvio no Kosovo?

© AP Photo / Bojan SlavkovicPolícia no local de assassinato do político sérvio Oliver Ivanovic em Mitrovica, Kosovo, 16 de janeiro de 2018
Polícia no local de assassinato do político sérvio Oliver Ivanovic em Mitrovica, Kosovo, 16 de janeiro de 2018 - Sputnik Brasil
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Político sérvio Oliver Ivanovic foi morto a tiros perto de seu escritório em Kosovo. A investigação forense revelou que Ivanovic foi morto com seis tiros de uma pistola Zastava M70A. Os tiros foram disparados de um carro Opel Astra em pleno andamento, posteriormente o carro foi encontrado queimado em uma rua vizinha.

A investigação do assassinato foi iniciada simultaneamente pelas autoridades da Sérvia e de Kosovo. Em Belgrado declararam que o diálogo com Pristina não continuará até que Sérvia fique satisfeita com os resultados e com o curso da investigação. A cooperação entre ambas as partes se torna impossível devido à tensão das relações políticas.

A esposa do político, abalada pela tragédia, afirmou que "se sabe quem fez isso", mas ela não detalhou sua declaração.

O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, avaliou o assassinato como um atentado terrorista e frisou que, para evitar qualquer tipo de especulações, os detalhes do curso da investigação não serão revelados.

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No entanto, não foi possível evitar que essas especulações aparecessem.

Assim, o advogado e político de Kosovo, Azem Vlasi, declarou a uma edição de Pristina que por trás do atentado podem estar "extremistas russos e sérvios que se passeiam livremente pelo norte [do Kosovo]".

O fator mais interessante em toda esta história é que, alguns dias antes do assassinato (10 de janeiro), o Departamento de Estado dos EUA avisou sobre o perigo crescente de distúrbios no Kosovo, entre os pontos "mais quentes" foi destacada a cidade de Mitrovica, local onde foi morto o político sérvio. Ao presidente da Sérvia parece pouco provável que os EUA dispusessem de dados concretos sobre a preparação do atentado.

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Por outro lado, o especialista em assuntos de terrorismo Dzevad Galijasevic, falando com a Sputnik Sérvia, destacou que os EUA podem saber mais do que nós pensamos.

"Apesar de este documento emitido em 10 de janeiro poder parecer um simples documento protocolar, ele é uma coisa séria que exige troca de dados com as estruturas americanas […] para mim é absolutamente claro que os EUA sabem mais do que nós pensamos e que eles podiam ter certos dados ou alusões a que algo poderia acontecer", afirmou o especialista.

Dzevad Galijasevic frisou também que o assassinato de Ivanovic provocará consequências políticas sérias, o que, para ele, era o verdadeiro objetivo do atentado.

O professor da Universidade de Belgrado e especialista em serviços especiais, Andrija Savic, também não descarta que a inteligência norte-americana pudesse ter alguns dados, no entanto, destacou, a verdade nunca sairá à luz, porque os órgãos do Kosovo que trabalham na investigação agem conforme instruções americanas.

Oliver Ivanovic se tornou famoso por ter sido um dos líderes dos chamados "defensores da ponte", que controlavam a ponte que liga a parte do norte (dos sérvios) e a do sul (dos albaneses) de Kosovska Mitrovica e defendiam os sérvios dos ataques dos radicais. Falando fluentemente albano, Ivanovic foi duas vezes deputado do parlamento do Kosovo e de 2008 a 2012 exerceu o cargo de secretário de Estado no ministério sérvio para os assuntos de Kosovo e Metohija.

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Em 2014, ele foi inesperadamente detido por suspeita de ter cometido crimes de guerra no período da "defesa da ponte". O processo durou três anos e em abril de 2017, por as provas serem pouco convincentes, a sentença foi anulada e o político recebeu oportunidade de se defender estando em liberdade. No verão Ivanovic recebeu um "aviso": seu carro foi queimado. Em 16 de janeiro o político foi assassinado.

Ivanovic criticava a política de Belgrado em relação ao Kosovo, apontava o agravamento da situação com a criminalidade, falava da passividade da polícia. Também criticou a falta de ação por parte de Belgrado para unir as diferentes forças políticas dos sérvios do Kosovo. Contudo, ele defendia a posição que para os sérvios do Kosovo o governo de Belgrado, seja ele qual for, é o único interlocutor em assuntos estratégicos.

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