EUA na Europa
Para "combater as contínuas atividades agressivas da Rússia", o Pentágono contará com US$ 4,6 bilhões (quase R$ 15 bilhões) com o fim de reforçar a presença militar estadunidense na Europa, levar a cabo mais exercícios conjuntos e fortalecer as respectivas infraestruturas.
"E, claro, para uma intensa propaganda contra ‘uma Rússia extremamente militarizada que está procurando a quem invadir agora mesmo'", ironiza Siryk.
Os preparativos norte-americanos para uma imaginária "invasão russa", bem como a intensificação das suas manobras conjuntas com os países europeus, não devem preocupar Moscou, considera o presidente do Comitê da Defesa do Senado russo, Viktor Bondarev.
…e em outras partes do mundo
Ademais, o Pentágono planeja gastar uns US$ 66 bilhões (mais de R$ 210 bilhões) em suas operações estrangeiras, o que é quase igual ao total do orçamento militar russo de 2016.
Uma parte considerável destes gastos tomará a forma de entregas de armas para os aliados estadunidenses. Entre eles, a Ucrânia receberá armamentos no valor de US$ 350 milhões (mais de R$ 1,1 bilhões), Israel contará com US$ 705 milhões (quase R$ 2,3 bilhões) para o desenvolvimento da defesa antimísseis e os Países Bálticos podem esperar por um prêmio especial para "conter a agressão russa" no valor de US$ 100 milhões (mais de R$ 320 milhões).
Gastos nacionais
Entre os veículos militares cuja estreia se dará em 2018, pelo menos conforme as informações abertas, já se pode esperar um porta-aviões, dois submarinos nucleares da classe Virginia, dois destróiers da classe Arleigh Burk, quase uma centena de caças-bombardeiros multifuncionais e várias dezenas de tanques Abrams M1A2.
"Os EUA estão levando a cabo um programa de rearmamento bastante sério, focado na Marinha e na Força Aérea. Por outro lado, não se informa que parte do dinheiro se destinará para ocultar as lacunas, como, por exemplo, os caças incapazes de voar", comentou o especialista em assuntos militares russo, Viktor Murakhovsky, para a Zvezda.
O analista se referiu a um artigo publicado no portal Defence News em fevereiro de 2017. O autor da matéria afirmou que, devido a um financiamento escasso, até dois terços da aviação naval dos EUA, ou seja, umas 1.700 aeronaves, "não eram capazes de voar".
Armas douradas
Outro fator a considerar é a tendência do país para levar a cabo projetos militares com custos exuberantes, recorda Siryk, mencionando os três exemplos mais conhecidos. Em 2017, o Pentágono gastou outros 3,7 bilhões de dólares com o projeto do caça de 5ª geração, F-35, relacionado com todo um leque de problemas.
O volume total do programa se estima em cerca de US$ 400 bilhões (quase R$ 1,3 trilhões), o mais caro da história e o dobro do previsto no início do projeto.
O F-35 tem um "homólogo" no mundo de helicópteros, o CH-53K King Stallion. A aeronave de transporte tem o preço de uns US$ 122 milhões (quase R$ 400 milhões) por unidade.
Para comparar, o maior e mais potente helicóptero do mundo, o russo Mi-26, custa entre 20 e 25 milhões de dólares para os compradores estrangeiros (cerca de R$ 65 e 80 milhões, respectivamente).
Finalmente, a Marinha dos EUA está construindo os destróiers com a tecnologia furtiva da classe Zumwalt.
"Estes projetos mantêm uma certa imagem do exército estadunidense. São apresentados muito bacanas nos filmes, mas na realidade resultam muito dispendiosos para um orçamento já muito inflado", acredita o autor.
E para quê?
O que escapa à compreensão, de fato, é o objetivo final destes preparativos. O orçamento militar dos EUA supera os gastos com a defesa de todos os restantes países do top 10 mundial juntos, entre eles a Rússia, a China, a Índia e o Reino Unido.
"Então, passado algum tempo, os americanos aumentarão os gastos militares até um trilhão de dólares, inundarão a Europa e o Oriente Médio com seus blindados, dobrarão a quantidade dos seus porta-aviões. E depois o quê?", se pergunta Murakhovsky.
O especialista explicou que as armas nucleares acumuladas no mundo são capazes de não só de eliminar toda a vida no planeta, mas possivelmente também de alterar sua órbita. Mas a pergunta fica sem resposta: para quê?