Recentemente, Doulat Vaziri, porta-voz do Ministério da Defesa do Afeganistão, comunicou à agência Fergana que uma nova base militar da China será construída em Badakhshan. Por sua vez, Pequim se comprometeu a assegurar fornecimento de armas e equipamentos militares necessários para os afegãos.
Recentes ataques dos talibãs a localidades afegãs de Zebak e Ishkashim representaram um golpe duro para Cabul. Até pouco tempo, autoridades afegãs não conseguiam investir na proteção das localidades do nordeste de Badakhshan, diz-se na análise.
Enquanto Cabul se mostra preocupada pelos movimentos dos talibãs, Pequim tem outros motivos para se preocupar, opina o autor do artigo, destacando que os terroristas do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) foram repetidamente detectados na região.
"Se o Daesh instalar seus terroristas em Badakhshan, que faz fronteira com localidade chinesa de Xinjiang, onde há um forte movimento separatista de caráter islâmico, extremistas poderiam instalar seus homens na região pelo corredor de Wakhan."
"Diariamente, desejo de Pequim de consolidar liderança regional e mundial se torna mais sério. Nestas circunstâncias, a China quer pendurar os louros do intermediário que um dia poderia pacificar o Afeganistão em guerra", escreve Kupriyanov, destacando que as autoridades chinesas atingiram esse objetivo, o que pode até consolidar significativamente suas posições na arena mundial.
Segundo o jornalista, a principal questão corresponde à prontidão da China para se envolver no conflito afegão.
Vasily Kashin, professor da Escola Superior de Economia de Moscou, considera que a nova base no Afeganistão ultrapasse as paredes de uma simples instalação militar, ressaltando crescimento da China na região.
"Se a tendência continuar, a presença militar chinesa aumentará de acordo com o modelo da presença russa na Síria. Em particular, a China formará uma coalizão com forças governamentais e apoiará os seus aliados com ataques aéreos, que serão realizados pelos grupos de operações especiais, limitando participação de tropas terrestres."
Kashin opina que as experiências da União Soviética e dos EUA demonstraram que, cedo ou tarde, o conflito afegão vai exigir da China o envio de mais tropas e mais recursos para poder continuar sua aventura militar.
"Por outro lado, Pequim tem um trunfo que nem a URSS nem os EUA tinham em sua manga, e este trunfo é Paquistão, aliado fiel da China que é capaz de influenciar talibãs. Entrando no Afeganistão, a China cria para si mesma uma tarefa muito ambiciosa. Se Pequim conseguir sair vitoriosamente, as posições da China na Ásia e no mundo vão se fortalecer, caso contrário, os chineses terão que recordar que precisamente o Afeganistão ganhou a fama do cemitério dos impérios."