Ancara pode continuar combatendo em Afrin com o 'boicote' armamentista por parte da OTAN?

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A Sputnik entrevistou militares turcos para saber as possíveis consequências da introdução do embargo ocidental ao fornecimento de equipamentos militares a Ancara. Como essa situação pode afetar a capacidade de combate do exército turco durante a operação de Afrin?

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O governo interino alemão congelou as exportações de armas para a Turquia até a formação de um novo gabinete, comunicou a edição Der Spiegel, citando o ministro das Relações Exteriores e o vice-chanceler do país, Sigmar Gabriel.

De acordo com a mídia, tal medida está relacionada à operação militar lançada pela Turquia contra as forças curdas em Afrin, na Síria.

Ademais, os programas de modernização dos tanques Leopard solicitados pela parte turca também foram suspensos; a respectiva decisão foi coordenada entre Gabriel e a chanceler alemã Angela Merkel.

Neste contexto, o general aposentado turco Armagan Kuloglu, entrevistado pela Sputnik, considerou que as Forças Armadas do país otomano têm o direito de usar seu equipamento militar e munições da forma que acharem necessário.

"Entre as armas usadas pelo exército turco estão os tanques fabricados nos Estados Unidos e os [tanques] Leopard alemães modernizados", disse Kuloglu.

Para o militar, a decisão alemã de suspender o programa de modernização dos tanques Leopard, previamente solicitados por Ancara, "não afetará de modo algum o curso da operação Ramo de Oliveira em Afrin". Kuloglu qualificou este passo como um ato simbólico do governo alemão, ligado à política interna do país.

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"A reação da Alemanha é bastante contraditória: por um lado, ambos os países são membros da OTAN, mas, por outro lado, apesar das melhorias, em geral há uma tensão constante entre os dois Estados. Berlim não condenou abertamente a operação em Afrin, mas anunciou a suspensão do programa de modernização dos tanques Leopard.

Acredito que este passo da Alemanha deve ser considerado como uma mensagem para os círculos políticos nacionais ", explicou.

De acordo com os militares turcos, a Alemanha tem uma grande comunidade curda, enquanto o papel do partido "Os Verdes", que se opõe às ações militares, é importante para o país. Portanto, o governo Merkel tomou essa decisão para tranquilizar o público insatisfeito e fortalecer suas posições, especificou Kuloglu. Segundo ele, as negociações sobre o programa de modernização podem ser retomadas mais tarde.

"É claro que a modernização dos Leopard não será realizada de um dia para o outro, mas gradualmente. Estes tanques são atualmente utilizados pelas Forças Armadas, mas no futuro eles podem ser modernizados de acordo com a tecnologia mais recente. Digamos, esta não é uma questão vital", disse.

Outro interlocutor do Sputnik, o general de brigada turco Ali Er, também enfatizou que o congelamento do programa de modernização dos Leopard não afetará a capacidade de combate do exército turco e o andamento da operação em Afrin.

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"Não se trata de problemas de manutenção ou peças sobressalentes. Seria relevante se a Turquia dependesse da produção alemã em termos de operação e manutenção. Mas não é esse o caso", observou.

Ali Er sublinhou que a infraestrutura das Forças Armadas turcas permite realizar tanto uma operação de curto prazo, de vários meses, quanto operações militares de longo prazo.

Além disso, o general turco enfatizou que os possíveis desacordos entre a Turquia e seus parceiros da OTAN não afetarão por enquanto a eficácia de combate das Forças Armadas turcas.

"O planejamento geral da estratégia de defesa das Forças Armadas turcas faz parte do sistema de necessidades nacionais, e esse processo abrange uma década, ou seja, essa situação de tensão que existe hoje entre a Turquia e a OTAN pode começar a afetar a estratégia de segurança turca dentro de 10-15 anos", resumiu Er.

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