Não há moleza: são 42 quilômetros diários, por sete dias consecutivos nos sete continentes diferentes. A rotina inclui percorrer o circuito e já entrar no avião para o próximo destino. Entre os desafios, enfrentar ambientes tão diferentes como o Pólo Norte e a excrucitante Dubai, nos Emirados Árabes.
Acompanhado por um time de fisiologistas e cardiologistas, o maratonista curitibano realizou uma forte preparação que incluiu correr na area do Jockey Club da cidade para simular a neve e treinar por três horas dentro de um frigorífico com temperaturas a —20ºC. Mas a maior dificuldade era mesmo o avião.
"Imagine correr 42 km e descansar em um avião porque não tem hospedagem, não tem nada. Essa coisa de você descansar em uma cabine pressurizada é muito complicado, uma prova exaustiva", comenta Marcelo. "Eu quase me arrisco a dizer que o mais fácil é a corrida, os atletas treinados para aguentar. Há outras variáveis que podem colocar em risco a participação. A circulação [sanguínea], por exemplo, era até engraçado porque de hora em hora eu fazia exercícios além do normal e era voos comerciais, não era particular. Alongava, fazia flexão, usava meia de compressão, porque isso é um risco real. Um maratonista brasileiro foi correr na África e voltando teve trombose, então é realmente muito perigoso", relembra.
O brasileiro, que pra sempre vai poder se orgulhar de também ser o primeiro sul-americano a completar o circuito, diz no entanto que sente falta da prova. Em outubro, Marcelo embarca para uma maratona de 250 quilômetros pelas gélidas terras da Islândia, mas já pensa em retornar à prova mundial em 2020. Quem quiser acompanhar o compatriota, vale lembrar: a inscrição custa € 36 mil (algo na casa dos R$142 mil). Perguntado sobre o que é mais fácil — conseguir o dinheiro da inscrição ou completar o desafio, Alves não titubeia e responde rindo: "Sem dúvida nenhuma, conseguir patrocínio".