"Cada carnaval tem seus traços e serve para preservar aspectos do patrimônio do país, para além da festa, álcool e loucuras, o carnaval é isso: a libertação, inverter os papéis, que as classes sociais se misturem, por isso me interessa o carnaval de rua, porque aí todos são iguais", explicou o fotógrafo.
Piotrkowski começou a viajar pelo mundo aos 18 anos; isto o levou a querer partilhar sua experiência em palavras e em imagens, e assim, há mais de uma década, ele publica crônicas de viagem e fotografias em várias mídias da Argentina e do exterior e destaca que o importante dos carnavais é preservar o "patrimônio cultural dos países".
Seu primeiro destino foi o Rio de Janeiro e chegou um mês antes de começarem as celebrações do Carnaval, por isso ele usou metade desses rolos para retratar a maior festa popular do país.
"Estava morando em um hotel horrível, na pior rua [da Lapa], no bairro mais boêmio do Rio, onde acabavam todos bêbados na última hora da noite e da manhã você se levantava e tinha um cheiro horrível, esta é a parte mais divertida do Rio", contou o fotojornalista.
Naquele momento, se bem que tenha publicado algumas fotos em revistas de viagens, se dedicava a fotografar turistas que realizavam passeios de barco.
"Eu decidi sair para fazer cobertura do carnaval de rua, que é o que mais me interessa do Carnaval, a essência, a rua, no Rio há muitos "blocos" de rua, que são parte da identidade carioca do Carnaval", conta Piotrkowski à Sputnik Mundo.
"O sambódromo é muito mais marqueteiro e para a televisão, além de o trabalho realizado pelas escolas de samba do sambódromo ser incrível, com músicos e bailarinos brilhantes, o carnaval de rua é algo mais amador, uma questão de amigos, vizinhos, intelectuais, músicos, grupos que se preparam mais espontaneamente e, em seguida, saem todos os anos pela cidade", contou o cronista.
Depois do Rio se seguiu em 2005 o carnaval de Olinda, no estado de Pernambuco, em uma cidade antiga e boêmia, onde o carnaval é inteiramente de rua e espontâneo devido a não haver programação e cada bloco escolher o local onde deseja realizar a sua celebração.
Em 2007, chegou a Montevidéu para fotografar o desfile de chamadas, uma festa popular de candombe que se realiza todos os fevereiros no Uruguai.
O norte
Em 2009 Piotrkowski chegou a Tilcara e a La Quebrada de Humahuaca (norte argentino), "um dos carnavais mais bonitos, verdadeiros e autóctones da Argentina", que se inicia com o "desenterro do Diabo", que é representado por um boneco enterrado com o encerramento de cada Carnaval, que eles chamam de "Domingo de Tentação".
Nesta área, apesar de a celebração envolver ritos andinos, também mistura-os com tradições trazidas pelos espanhóis na época da conquista e com os cultos dos diferentes povos originários da região.
Salvador
Em 2010 chegou a Salvador, onde se realiza o carnaval de rua "maior do mundo" e foi incrível, lá também acontece tudo nas ruas, mas está mais organizado do que em Olinda, apesar de não haver um sambódromo, você pode alugar um palco ou seguir os trios elétricos (caminhões com músicos)", explicou.
Além disso, viajou para Barranquilla, onde a celebração é uma mistura entre tradições espanholas e indígenas, onde se realizam manifestações culturais que se não fosse o carnaval não teriam sobrevivido, como a famosa Danza del Garabato e danças africanas. Em Barranquilla, bem como em Montevidéu, há um dos poucos museus do Carnaval do mundo.
Piotrkowski é autor do livro "Carnavaleando", publicado em 2015, onde recolheu o seu trabalho sobre os carnavais latino-americanos.