Israel terá que mudar sua política em relação à Síria ou fazer frente à Rússia, opina Gevorg Mirzayan, professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Finanças do Governo da Rússia.
Este incidente faz surgir várias perguntas, e a principal é — como serão as ações seguintes de Israel na Síria?
Em Tel Aviv asseguram que os israelenses continuarão contendo os iranianos na Síria, porque, segundo declarações do premiê Netanyahu, Irã pretende usar o território sírio para atacar Israel. Mas, frisa Mirzayan no seu artigo para Sputnik, os atuais métodos que usam os militares israelenses são insensatos e até contraprodutivos.
Com a derrubada do F-16, destaca Mirzayan, o custo desta demonstração aumentou bruscamente. A Síria deu a entender que pode responder aos ataques aéreos de Israel, o que faz este pensar em outras estratégias, mais eficazes e duras, para "conter o Irã na Síria", e para isso Tel Aviv não dispõe nem de capacidades militares, nem de instrumentos jurídicos.
Analista aponta que teoricamente as autoridades israelenses poderiam ordenar a entrada de tropas no território sírio para limpá-lo dos terroristas, mas na prática isto não é possível.
Mesmo admitindo que Tel Aviv dispõe de todos os recursos necessários, não está claro o que Israel faria com terras do sul da Síria porque, primeiro, não tem estruturas fantoche para administrar estes territórios e, segundo e o mais importante, é que uma verdadeira invasão levaria ao confronto inevitável do exército israelense com a Força Aeroespacial russa, com todas as consequências decorrentes.
Para além disso, o autor lembra que, tanto Israel e EUA quanto a Arábia Saudita, se tornam cada vez mais isolados no que diz respeito à questão iraniana. Os parceiros europeus, sem falar da Rússia e aliados muçulmanos, não compartilham do entusiasmo de Washington, Tel Aviv e Riad na questão da contenção de Teerã através de guerras periféricas e também estão categoricamente contra a posição dos EUA quanto ao acordo nuclear com o Irã.
Israel dispõe de poucas opções para suas ações. O preferível seria aceitar a realidade, aponta Mirzayan. A realidade é que o Irã permanecerá na Síria e tudo o que Tel Aviv pode fazer é tornar a presença iraniana não dominante, mas apenas fundamental.