"O governo considerava o direito de autodeterminação sexual e, além disso, a própria personalidade demandante, expressa em seus campos como instrumento para alcançar fins governamentais, violando, assim, as obrigações quanto ao respeito dos direitos humanos", diz-se na decisão do Tribunal Supremo de Seul, que na semana passada obrigou pagamento de indenização a 117 "mulheres para consolo", que processaram a Coreia do Sul.
Como resultado, 74 vítimas vão receber indenização de cerca de 6.450 dólares cada uma (21.255 reais), e outras 43 vão receber por volta de 2.760 dólares (9.095 reais).
Segundo foi escrito no decreto do tribunal, conforme os documentos oficiais do Ministério da Saúde, o governo exigia ativamente que as "mulheres para consolo" prestassem "serviços de cortesia" aos militares estrangeiros, ou seja, que se prostituíssem. O incentivo à prostituição pôde ter sido posto em prática para aumentar a moral dos soldados estrangeiros, para apoiar a união militar entre os países, para garantir a segurança do país, bem como para lucrar.
Além disso, a Coreia do Sul propagava prostituição educando meninas "de uma forma patriótica", convencendo-as que somente verdadeiras patriotas vendem seu corpo por dinheiro.
Trata-se da primeira vez que o governo sul-coreano reconhece ser responsável pela prostituição em povoados perto das bases militares norte-americanas.
A advogada da companhia jurídica Hyangbeop, Ha Joo-hee, comentou à Sputnik que a Coreia do Sul pode apelar em resposta, mas aconselha não fazê-lo.
Antes, essa companhia conseguiu ganhar decisões históricas em outros casos ligados às tropas dos EUA na Coreia do Sul: poluição ambiental nas bases do 8º exército dos EUA, assassinatos cometidos por militares norte-americanos na região de Itaewon e outros casos.