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Como a ONU continua ajudando a Venezuela a crescer apesar de todas as sanções

© REUTERS / Palácio MirafloresNicolás Maduro, presidente da Venezuela
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela - Sputnik Brasil
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Sputnik Brasil se encontrou com o representante oficial para a região da América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), Carlos E. Chanduvi-Suarez, para falar sobre as atividades da entidade na região onde a taxa de desigualdade e a pobreza são das maiores no mundo.

O alto funcionário chegou à cidade russa de Sochi para participar do anual Fórum de Investimentos da Rússia 2018, tomando parte de uma sessão plenária sobre o desenvolvimento das marcas locais e da imagem russa em mercados globais. Em uma conversa com a Sputnik Brasil, ele desvendou os mecanismos usados pela ONU para desenvolver, em particular, a produção nacional dos países latino-americanos e caribenhos.

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Sputnik Brasil: Dado que o combate à pobreza é manifestado como um dos objetivos principais da UNIDO, como se efetuam esses tipos de projetos?

Carlos E. Chanduvi-Suarez: Temos diferentes rumos de cooperação, mas a ideia principal é a industrialização. Ajudamos, por exemplo, as pequenas empresas a aumentarem sua capacidade de produção, faremos com que diferentes marcas sejam mais produtivas. Cooperamos, ademais, com governos e várias associações, ou seja, promovemos a ajuda técnica em diferentes níveis, inclusive regional e continental. […] Tivemos, por exemplo, um projeto de cooperação entre a Rússia e a América Latina. Assim, proporcionamos assistência ao setor privado, lhe garantimos algum tipo de plataforma, eles se encontram e começam a realizar algumas parcerias.

Assim, o especialista explicou que algumas iniciativas começam como um projeto em nível regional que, em sequência, reúne um grupo de países e lhes permite ir ao mercado global mais fortes e competitivos. Entre as áreas envolvidas estão as tecnologias digitais, os agronegócios e a ecologia.

"Como trabalhamos? Recebemos finanças de diferentes fundos, alocadas por países doadores; ademais, existem algumas entidades internacionais para isso. Às vezes, nos empregam os próprios países e seus governos. Este conceito foi batizado como o ‘desenvolvimento industrial sustentável e global'. Deste modo, fazemos questão de aumentar a capacidade de produção, a justiça social e a segurança ecológica", continuou.

O colega de Chanduvi-Suarez que também estava presente no evento, diretor da representação da UNIDO na Rússia, Sergei Korotkov, especificou, além do mais, que hoje em dia também se toma em consideração a promoção da igualdade de gênero.

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S: Falando da ecologia, hoje em dia, um dos problemas mais dolorosos para o Brasil é o desmatamento da Amazônia. A sua organização toma alguns passos para preveni-lo?

CCS: O nosso objetivo é cooperar com o governo, caso ele o queira. Nesta situação, recorremos a diferentes instrumentos e começamos a promover o desenvolvimento sustentável. O problema é que no Brasil isso acontece de modo ilegal. Em outro caso, poderíamos ajudar, mas essa já é outra situação.

Korotkov, colega russo de Chanduvi-Suarez pela UNIDO e que trabalhou no Brasil por muito anos e conhece bem a região latino-americana, pormenorizou como é que acontece:

"Devemos ajudar o governo. Por exemplo, quando um governo de algum país latino-americano nos pede para proporcionar algum tipo de ajuda técnica por parte da UNIDO, consideramos que fontes poderíamos envolver. Caso se trate de projetos ecológicos, existe o Fundo Econômico Global. Enquanto a UNIDO é operadora dele, criamos um projeto de documento e o colocamos em prática. […] Há também o Fundo de Desenvolvimento Industrial, que conta com doadores que pagam algumas parcelas voluntariamente. A Rússia é uma das doadoras, e através deste fundo pode alocar finanças para os projetos que a interessam, inclusive no campo ecológico."

Há alguns dias, a mídia relatou que a Venezuela, mergulhada em uma profunda crise econômica e política, foi temporariamente suspensa de votar na ONU por causa das suas dívidas acumuladas. Porém, de acordo com Chanduvi-Suarez, isto não impede que tais estruturas como a UNIDO continuem seu funcionamento no país.

© Sputnik / Ekaterina NenakhovaCarlos E. Chanduvi-Suarez e Sergei Korotkov, funcionários da UNIDO, no Fórum de Investimentos 2018 em Sochi, em 15 de janeiro de 2018
Carlos E. Chanduvi-Suarez e Sergei Korotkov, funcionários da UNIDO, no Fórum de Investimentos 2018 em Sochi, em 15 de janeiro de 2018 - Sputnik Brasil
Carlos E. Chanduvi-Suarez e Sergei Korotkov, funcionários da UNIDO, no Fórum de Investimentos 2018 em Sochi, em 15 de janeiro de 2018

S: Já faz muito tempo que a situação na Venezuela provoca preocupação da comunidade internacional, a aplicação de sanções graves, em particular. Será que isso mina em algum sentido os esforços da UNIDO?

CCS: Sim, há uma situação geopolítica muito complexa, mas, por exemplo, há pouco recebemos uma delegação do governo venezuelano, e não paramos de cooperar com eles, ajudar o seu agronegócio. O problema deles é a infraestrutura debilitada e a presença de sanções financeiras. Nós, por nossa vez, trabalhamos para que eles possam solidificar as cadeias de produção dentro do país no setor primário. Isto é paradoxal, pois têm tudo, mas não têm uma abordagem sistemática dentro do país.

S: Então a cooperação continua apesar das sanções?

CCS: Eles não estão sob sanções da ONU. São sanções particulares, enquanto a ONU, por enquanto, não tem nada contra a Venezuela no nível oficial. Alguns países querem… mas é problema deles.

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