Operação norte-americana no Afeganistão é 'guerra invencível', diz analista

© AFP 2023 / WAKIL KOHSARSoldados norte-americanos em distrito de Khogyani, província de Nangarhar, Afeganistão, 13 de agosto de 2015
Soldados norte-americanos em distrito de Khogyani, província de Nangarhar, Afeganistão, 13 de agosto de 2015 - Sputnik Brasil
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Dados da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão indicam que durante os ataques de 2017 no Afeganistão mataram ou feriram um número recorde de civis, sendo as tropas internacionais responsáveis por 20% deste número. Em entrevista à Sputnik, especialista britânico explicou por que a guerra no país é impossível de ser vencida.

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Enquanto a maioria das vítimas no Afeganistão se deve a ações de insurgentes antigovernamentais, 20% foram causados por ataques aéreos internacionais, com os EUA sendo o único país conhecido a realizá-los.

Mesmo assim, Dr. Amalendu Misra, professor sênior de política e filosofia da Universidade de Lancaster (Reino Unido), afirma que a natureza da guerra no Afeganistão e o papel de Washington mudaram de modo considerável.

As forças da coalizão passaram a travar guerra à distância, utilizando outro equipamento e evitando combates terrestres, pois "têm medo de ir ao terreno".

"Luta de drones, bombardeamentos aéreos e assim por diante, porque após 17 anos de operações militares se deram conta de que não se pode vencer a guerra no terreno", afirmou, acrescentando que a mudança da estratégia levou ao crescimento de vítimas.

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Especialista duvida que a operação internacional no país tenha futuro e melhore mesmo a situação, apenas prolongando o sofrimento de todas as partes.

"O fato é que a guerra em questão deveria conquistar corações e mentes das pessoas, estamos falando da Operação Liberdade Duradoura que virou uma operação de sofrimento duradouro, para ambas as partes desta equação. Não se trata de uma guerra 'vencível', e sim de uma guerra 'invencível'", disse à Sputnik Internacional.

Analisando a situação no país, avança, é preciso levar em consideração que o conflito é assimétrico, que favorece as forças da coalizão internacional, especialmente as norte-americanas, "então podem bombardear à distância". O problema é que isso não impede talibãs de realizar ataques a lugares de alto valor, como hospitais e escolas.

Misra duvida que as ações militares sejam beneficentes no longo prazo como não foram no passado, que prova que não se pode continuar com a opção militar na região.

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Neste sentido, o professor britânico expressou preocupações com a nova estratégia dos EUA no Afeganistão com a chegada de Donald Trump, que prevê aumento de despesas na operação militar.

Os Estados Unidos, indica Misra, já gastaram 8 bilhões de dólares neste país, a questão é se os contribuintes estadunidense estão dispostos a gastar o mesmo valor durante os próximos 10-15 anos.

"Havia uma espécie de moderação de atitude por parte dos talibãs, mas a administração de Trump tomou uma posição dura e isso minou qualquer perspectiva de paz ou reconciliação", sublinhou.

Resumindo, especialista acredita que por enquanto nem por parte dos EUA nem por parte do governo afegão não há uma estratégia clara que possa ajudar a combater talibãs.

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