A Sputnik Brasil ouviu um especialista em segurança pública e um representante da Polícia Federal — que deixará de fazer o controle das fronteiras nacionais caso a proposta seja aprovada — para entender a PEC 3/2018.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Boudens, acredita que uma maior integração entre os trabalhos das diferentes forças policiais do Brasil seria mais eficiente do que criar um novo órgão. "É uma ilusão pensar que fortalecendo uma polícia preventiva na fronteira você vai ter bons resultados".
"No combate à corrupção, há o enfrentamento com forças políticas poderosas que são capazes de mudar nossa legislação. Nós vamos monitorar para ver a real intenção dessa proposta, se ela realmente quer dar uma resposta para o péssimo controle de fronteiras que fazemos hoje ou se quer esvaziar a Polícia Federal."
O delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Orlando Zaccone acredita que é uma pretensão "ufanista" querer controlar os 16 mil quilômetros de fronteiras terrestres e os outros 7 mil quilômetros de costa marítima do Brasil. "É inimaginável a gente ter um contingente suficiente para guardar as fronteiras de um país com o tamanho do Brasil."
Em 2017, a PF apreendeu número recorde de drogas: 44,7 toneladas de cocaína e 313 toneladas de maconha. O custo estimado das apreensões foi de mais de meio bilhão de reais.
"Não tem ninguém tomando conta de chopperia, vinícola ou farmácia com fuzil na mão. E são locais onde se vendem drogas", afirma Zaccone.
A Sputnik Brasil buscou o gabinete do senador Wilder Morais, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. A PEC 3/2018 aguarda designação de relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).